Em Paris , no dia 02 de maio de 1789, os deputados eleitos desfilavam para o rei da França, Luiz XVI, abrindo os Estados Gerais, convocados diante da crise que se abatia sobre o reino. Era o início dos anos turbulentos que marcariam a história européia e a história das doenças infecciosas.
Mas ao se iniciava as atividades dos Estados Gerais os deputados já se indispunham com o clero e a nobreza criando a Assembléia Nacional.
O Ministro Necker contrário ao aumento de impostos, ameaçado de demissão, gerou revolta na população francesa. Tropas iniciaram uma repressão às manifestações das populações. Incêndios e protestos marcaram a lutas contra os altos preços dos cereais, a revolução liderada pelos membros dos Estados Gerais era inevitável.
Em 14 de julho de 1789, ocorre invasões populares em busca de munição e pólvora, o Castelo da Bastilha é tomado. Acusados de ocultar cereais e armas são enforcados nas ruas.
“A Tomada da Bastilha”, quadro de Jean Pierre Houël.
|
A Bastilha era um castelo que foi transformado em prisão onde os monarcas encarceravam seus oponentes políticos. Mais do que simplesmente uma prisão, a Bastilha era um símbolo contra o iluminismo e os ideais liberais da época.
A tomada da fortaleza transformou-se em um marco da Revolução, e o dia 14 de julho de 1789 foi comemorado já no ano seguinte como um dia simbólico para a França. Seguindo a queda da Bastilha, no campo as pessoas saqueavam castelos, enquanto os poucos funcionários nomeados pela coroa que ainda trabalhavam tentando manter a ordem deixavam seus postos, com medo da violência atingi-los. A burguesia tomava a frente nas organizações municipais e campesinas e novas milícias eram montadas.
fonte:http://www.historiazine.com/2011/02/revoluçao-francesa-2-parte.html
|
O rei perde os poderes, acata as decisões da Assembléia e readmite o Ministro Necker. No interior, os camponeses atacam as instalações da nobreza. Abre-se uma nova era em 26 de agosto com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: criado em 1789, no início do processo revolucionário. Define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. Influenciada pela doutrina dos “direitos naturais”, os direitos dos homens são tidos como universais: válidos e exigíveis a qualquer tempo e em qualquer lugar fonte:http://www.historiadigital.org/historia-geral/idade-moderna/revolucao-francesa/obras-classicas-e-documentos-importantes-da-revolucao-francesa/ |
Com a Constituição de 1791 o poder real fica totalmente dependente das determinações da Assembléia. Esta mesma constituição defendia o direito dos negros nas colônias francesas do Haiti e que, mais tarde, incentivaria a sua independência.
Até mesmo dentro da Assembleia existiam aqueles que defendiam a revolução e aqueles favoráveis à restituição do rei ao trono, os contra revolucionários.
Nações vizinhas defendem a permanência do rei. As forças da Prússia invadem a França e o pânico toma conta da população, a revolução é ameaçada e o rei Luiz XVI poderia ter seu trono restituído.
Porém, como em várias outras situações de guerra, a Revolução Francesa conta com um grande aliado para combater o exército prussiano; uma epidemia de disenteria instala nos acampamentos militares e mata 12 mil dos 42 mil homens , facilitando a vitória para a Revolução Francesa.
Em 1792 todos os suspeitos que se colocaram contra a revolução foram presos e guilhotinados, inclusive o rei e até o homem que mudou o estudo da química; Lavoisier.
Junto a outros 27 intelectuais Lavoisier foi acusado diretamente pelo revolucionário Jean-Paul Marat, com acusações, como o de "adulterar fumo", ordenaria a execução do grande químico em um julgamento sumário. Apesar do veredito, o químico tentou apelar, citando a importância de suas pesquisas e a necessidade de finalizá-las, ao que, em uma das frases mais incrivelmente tristes e ignorantes da história, o juiz revolucionário lhe respondeu: - "A República não precisa nem de cientistas nem químicos, o curso da justiça não pode ser detido". Lavoisier foi guilhotinado aos 50 anos naquela tarde de 8 de Maio de 1794. Joseph-Louis de Lagrange, um importante matemático, após saber do fato disse: - "Não bastará um século para produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo". fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=6898 |
Já em 1791 iniciava-se movimentos revolucionários para a libertação dos escravos no Haiti, amparados pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O Haiti era uma das colônias mais lucrativas do mundo à época. Era responsável por mais da metade da produção mundial de açúcar, além de produzir índico, café e algodão. O número de escravos na ilha era de quase 500 mil nos tempos de revolução, a maioria absoluta da população. O Haiti seria marcado com uma série de guerras para a libertação que destruiria as áreas de plantação e causariam sua decadência econômica.
Com os primeiros movimentos, os negros expulsaram os fazendeiros brancos, onde muitos voltaram para a França, mas muitos foram buscar abrigo na então capital dos Estados Unidos; Filadélfia. Com esses fugitivos, embarcaram juntos pessoas doentes de febre amarela e também o mosquito, causando assim a grande epidemia vivida pela Filadélfia em 1793.
Enquanto Washington estava em construção, a Filadélfia comandava a administração do país. O inicio da epidemia mudou a rotina da cidade, hospitais improvisados não absorviam o crescimento da doença, a quarentena foi instituída nos portos e as fugas se iniciavam. Com seus 50 mil habitantes, 17 mil foram acometidos e 10% da população morreu.
As potências européias; Inglaterra e França, principais beneficiárias da produção de açúcar do Caribe, receavam rebeliões em cascata nas outras colônias. Assim partiram para por fim a rebelião no Haiti.
Os objetivos eram claros: dizimar negros, homens ou mulheres, em todo o Haiti, poupando apenas crianças menores que 12 anos. Assim dos quase 500 mil negros da ilha, foram mortos 150 mil. Da população restante, excetuando-se doentes e inválidos, restaram 170 mil em condições de trabalho nas plantações. O genocídio poderia ser muito maior se não fosse dois fortes aliados dos negros: a febre amarela e a malária.
No período da invasão, os britânicos enviaram vinte mil soldados e os franceses 35 mil. Devido a superioridade das armas européias, o massacre progrediu, porém com a febre amarela e a malária, o exército europeu foi caindo um a um. A força britânica perdeu 65% dos combatentes e mais de 1.500 ficaram inválidos. Do lado da França foi uma perda de 83% ou seja; 29 mil homens.
Batalha em San Domingo, pintado por January Suchodolski representando uma luta entre as tropas polonesas ao serviço francês e os rebeldes do Haiti fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Haiti |
Napoleão ainda tentou um último esforço para o controle da ilha, novamente mal sucedido por causa da febre amarela. Em 1802, chegava com 25 mil soldados ao Haiti. A doença começou a matá-los nos seus navios ancorados nos portos. Na primeira semana de junho, morriam três mil franceses; em setembro, o número subia para quatro mil, com cem óbitos por dia.
Assim em 1797, o líder negro Toussaint despachava o comissário francês da República para a França e iniciava os últimos atos para a independência em 1804.
Muito bom, Cássia. Adorei esta relação entre a história e as epidemias, ainda que a segunda ocupe um lugar muito pequeno em relação à primeira. Adorei o texto e vou recomendá-lo no twitter @historiadigital. Também vou me inscrever no seu feed. Você escreve com frequência?
ResponderExcluirUm grande abraço!