quinta-feira, 29 de março de 2012

GRANDES REVOLUÇÕES DECIDIDAS POR GRANDES EPIDEMIAS...


Em Paris , no dia 02 de maio de 1789, os deputados eleitos desfilavam para o rei da França, Luiz XVI, abrindo os Estados Gerais, convocados diante da crise que se abatia sobre o reino. Era o início dos anos turbulentos que marcariam a história européia e a história das doenças infecciosas.
Mas ao se iniciava as atividades dos Estados Gerais os deputados já se indispunham com o clero e a nobreza criando a Assembléia Nacional.



Abertura da Assembléia dos Estados Gerais
 Luis XVI abriu a Assembleia com um discurso onde lembrava que aquela reunião foi convocada não para limitar o poder real, mas sim para reajustar o sistema tributário francês. Só que muitos parlamentares queriam o fim dos poderes absolutos do rei, e não aceitavam outra solução.
fonte:http://www.historiazine.com/2011/02/revolucao-francesa-1-parte.html

O Ministro Necker contrário ao aumento de impostos, ameaçado de demissão, gerou revolta na população francesa. Tropas iniciaram uma repressão às manifestações das populações. Incêndios e protestos marcaram a lutas contra os altos preços dos cereais, a revolução liderada pelos membros dos Estados Gerais era inevitável.
Em 14 de julho de 1789, ocorre invasões populares em busca de munição e pólvora, o Castelo da Bastilha é tomado. Acusados de ocultar cereais e armas são enforcados nas ruas.



“A Tomada da Bastilha”, quadro de Jean Pierre Houël.

A Bastilha era um castelo que foi transformado em prisão onde os monarcas encarceravam seus oponentes políticos. Mais do que simplesmente uma prisão, a Bastilha era um símbolo contra o iluminismo e os ideais liberais da época.
A tomada da fortaleza transformou-se em um marco da Revolução, e o dia 14 de julho de 1789 foi comemorado já no ano seguinte como um dia simbólico para a França. Seguindo a queda da Bastilha, no campo as pessoas saqueavam castelos, enquanto os poucos funcionários nomeados pela coroa que ainda trabalhavam tentando manter a ordem deixavam seus postos, com medo da violência atingi-los. A burguesia tomava a frente nas organizações municipais e campesinas e novas milícias eram montadas.
fonte:http://www.historiazine.com/2011/02/revoluçao-francesa-2-parte.html
O rei perde os poderes, acata as decisões da Assembléia e readmite o Ministro Necker. No interior, os camponeses atacam as instalações da nobreza.  Abre-se uma nova era em 26 de agosto com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: criado em 1789, no início do processo revolucionário. Define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. Influenciada pela doutrina dos “direitos naturais”, os direitos dos homens são tidos como universais: válidos e exigíveis a qualquer tempo e em qualquer lugar
fonte:http://www.historiadigital.org/historia-geral/idade-moderna/revolucao-francesa/obras-classicas-e-documentos-importantes-da-revolucao-francesa/

Com a Constituição de 1791 o poder real fica totalmente dependente das determinações da Assembléia. Esta mesma constituição defendia o direito dos negros nas colônias francesas do Haiti e que, mais tarde, incentivaria a sua independência.
Até mesmo dentro da Assembleia existiam aqueles que defendiam a revolução e aqueles favoráveis à restituição do rei ao trono, os contra revolucionários.
Nações vizinhas defendem a permanência do rei. As forças da Prússia invadem a França e o pânico toma conta da população, a revolução é ameaçada e o rei Luiz XVI poderia ter seu trono restituído.
Porém, como em várias outras situações de guerra, a Revolução Francesa conta com um grande aliado para combater o exército prussiano; uma epidemia de disenteria instala nos acampamentos militares e mata 12 mil dos 42 mil homens , facilitando a vitória para a  Revolução Francesa.



Quadro “A Liberdade guiando o Povo”, de Eugène Delacroix.
Este quadro entrou para a História como um dos símbolos da Revolução Francesa, mas Delacroix pintou-o somente em 1830, inspirado pelos acontecimentos da revolução que aconteceu no mesmo ano e ficou conhecida como “Les Trois Glorieuses”.
fonte:http://www.historiazine.com/2011/03/revolucao-francesa-3-parte.html



Em 1792 todos os suspeitos que se colocaram contra a revolução foram presos e guilhotinados, inclusive o rei e até o homem que mudou o estudo da química; Lavoisier.


Junto a outros 27 intelectuais Lavoisier foi acusado diretamente pelo revolucionário Jean-Paul Marat, com acusações, como o de "adulterar fumo", ordenaria a execução do grande químico em um julgamento sumário.
Apesar do veredito, o químico tentou apelar, citando a importância de suas pesquisas e a necessidade de finalizá-las, ao que, em uma das frases mais incrivelmente tristes e ignorantes da história, o juiz revolucionário lhe respondeu:
- "A República não precisa nem de cientistas nem químicos, o curso da justiça não pode ser detido".
Lavoisier foi guilhotinado aos 50 anos naquela tarde de 8 de Maio de 1794. Joseph-Louis de Lagrange, um importante matemático, após saber do fato disse:
- "Não bastará um século para produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo".
fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=6898

Já em 1791 iniciava-se movimentos revolucionários para a libertação dos escravos no Haiti, amparados pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O Haiti era uma das colônias mais lucrativas do mundo à época. Era responsável por mais da metade da produção mundial de açúcar, além de produzir índico, café e algodão. O número de escravos na ilha era de quase 500 mil nos tempos de revolução, a maioria absoluta da população. O Haiti seria marcado com uma série de guerras para a libertação que destruiria as áreas de plantação e causariam sua decadência econômica.
Com os primeiros movimentos, os negros expulsaram os fazendeiros brancos, onde muitos voltaram para a França, mas muitos foram buscar abrigo na então capital dos Estados Unidos; Filadélfia. Com esses fugitivos, embarcaram juntos pessoas doentes de febre amarela e também o mosquito, causando assim a grande epidemia vivida pela Filadélfia em 1793.
Enquanto Washington estava em construção, a Filadélfia comandava a administração do país. O inicio da epidemia mudou a rotina da cidade, hospitais improvisados não absorviam o crescimento da doença, a quarentena foi instituída nos portos e as fugas se iniciavam.  Com seus 50 mil habitantes, 17 mil foram acometidos e 10% da população morreu.
As potências européias; Inglaterra  e França, principais beneficiárias da produção de açúcar do Caribe, receavam rebeliões em cascata nas outras colônias. Assim partiram para por fim a rebelião no Haiti.
Os objetivos eram claros: dizimar negros, homens ou mulheres, em todo o Haiti, poupando apenas crianças menores que 12 anos. Assim dos quase 500 mil negros da ilha, foram mortos 150 mil. Da população restante, excetuando-se doentes e inválidos, restaram 170 mil em condições de trabalho nas plantações. O genocídio poderia ser muito maior se não fosse dois fortes  aliados dos negros: a febre amarela e a malária.
No período da invasão, os britânicos enviaram vinte mil soldados e os franceses 35 mil. Devido a superioridade das armas européias, o massacre progrediu, porém com a febre amarela e a malária, o exército europeu foi caindo um a um. A força britânica perdeu 65% dos combatentes e mais de 1.500 ficaram inválidos. Do lado da França foi uma perda de 83% ou seja; 29 mil homens.


Batalha em San Domingo, pintado por January Suchodolski representando uma luta entre as tropas polonesas ao serviço francês e os rebeldes do Haiti
fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Haiti

Napoleão ainda tentou um último esforço para o controle da ilha, novamente mal sucedido por causa da febre amarela. Em 1802, chegava com 25 mil soldados ao Haiti. A doença começou a matá-los nos seus navios ancorados nos portos. Na primeira semana de junho, morriam três mil franceses; em setembro, o número subia para  quatro mil, com cem óbitos por dia.
Assim em 1797, o líder negro Toussaint despachava o comissário francês da República para a França e iniciava os últimos atos para a independência em 1804.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A VARÍOLA


A origem da varíola permanece obscura; os maiores indícios apontam como originária do Oriente, principalmente da China, cerca de mil anos antes de Cristo. O isolamento chinês contribuiu para restringi-la àquela área do globo. Somente no século  VI d.C. surgiram relatos da sua incidência na Europa. Acreditando-se ser esta a época da introdução da varíola no Ocidente .



Foto da múmia de Ramsés, com sinais de erupções hoje atribuídas a varíola
fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contagio/contagio-16.php

A varíola sempre foi um mal temido pelas famílias européias. Era a principal causa de mortalidade infantil. Aparecia em epidemias nas cidades, os acometidos ficavam acamados, com febre, e surgiam as horríveis bolhas na pele contendo pus.


A possibilidade de usar uma única vacina contra todas as formas clínicas da varíola encorajou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a tentar a erradicação total da doença em todo o mundo.
Aparentemente, o projeto foi bem-sucedido: aos dois milhões de mortos por varíola em 1967, contrapôs-se a marca de nenhum caso registrado entre 1977 e 1980.
fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/variola/variola-7.php

Cada epidemia levava à morte 20% a 40% dos doentes. Quando conseguiam sobreviver as sequelas eram cicatrizes pela pele e também a cegueira causada por lesões no corpo. Nos séculos XII e XVIII, em decorrência da doença, um terço dos habitantes de Londres apresentaram cicatrizes horríveis e dois terços ficaram cegos. Da Europa, a varíola avançou para as colônias americanas que se formaram no litoral do continente no início do século XVII.
Em 1700, o Dr. Martin Lister, membro da Royal Society, recebeu cartas de colegas que descreviam os métodos empregados  na China. Os chineses retiravam as crostas das lesões, reduziam-nas a pó e o assopravam através de bambus nas narinas das crianças, fazendo com que estas ficassem protegidas. Sabemos hoje que introduziam quantidadesde vírus atenuados ou mortos que não causavam a doença, mas suficiente para estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos.


Os chineses protegiam as crianças contra a varíola soprando em suas narinas um pó tirado das feridas dos doentes.
fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contagio/contagio-16.php


Em 1713, o médico grego Emmanuel Timoni descreveu um método de inoculação que também era utilizado na Turquia, pelo qual se introduzia a ponta de uma agulha no conteúdo pustulento retirado das lesões da varíola e se faziam pequenas incisões com a agulha contaminada na pele do braço. Ocorria uma reação na pele, que cicatrizava. Hoje sabemos que se dava uma proliferação do vírus nessa incisão, com reação da imunidade e formação de lesões no local do ferimento para posterior produção de anticorpos, este método foi denominado de variolização.
A Royal Society, recebendo as informações sobre esses métodos, entrou em debates quanto à validade e utilidade do procedimento. A década de 1710 foi marcada por discurssões entre os membros, cujas opiniões divergiam, enquanto Londres presenciava três epidemias da doença que mataram, cada uma, cerca de três mil pessoas.
Uma das colônias inglesas na América, Boston, recebia um número cada vez maior de imigrantes ingleses, e com eles, o vírus da varíola. A cidade entraria na história como a primeira a usar o método de prevensão contra a doença.
Em 1666 conheceu a primeira epidemia de varíola que matou cerca de 1% da população que era de quatro mil habitantes. A doença retornou 10 anos depois e em um único dia matava cerca de 30 pessoas. Em 1702, quando a população já era de sete mil habitantes, a varíola matou 4%. O número de mortes tendia sempre a crescer quando em 1721 matou 7% de uma população de 11 mil habitantes. Mas desta vez foi diferente em razão do conhecimento da variolização. O Reverendo Cotton Mather, da própria cidade, era defensor da inoculação desde a década anterior, pois escutara de um escravo que na África era comum a prática de introduzir material das pústulas da varíola em cortes feitos na pele, evitando-se assim a doença. Cotton ficou perplexo quando em 1714 leu as publicações do Royal Society sobre os métodos adotados pelos médicos gregos que coincidiam com os relatos do escravo.
Diante da epidemia de 1721 que estava prestes a dizimar parte da população local, o Reverendo persuadiu o Dr Boylston a iniciar as inoculações nos cidadãos suscetíveis a doença. Surgiram divergências de opiniões e até a casa do Reverendo foi atacada. Foram feitas 242 inoculações, das 855 pessoas mortas, apenas seis haviam sido inoculadas.
Todos os dados relativos a inoculações realizadas foram encaminhados ao Dr. Jurim, secretário da Royal Society, que logo chegou a conclusões sobre os riscos do método. A inoculação causava feridas extensas no braço inoculado, e as infecções; erisipelas, eram frequentes. O risco do procedimento era uma morte em cada cinquenta inoculações. As discurssões agora se referiam a quando inocular, uma vez que a técnica era capaz de levar a complicações e à morte, e até ao aparecimento da varíola ou de epidemias da doença em áreas que antes não a apresentavam. Muitos membros da Royal Society sugeriaram a inoculação em épocas de epidemia, nas quais a mortalidade por esse mal era muito maior que pela inoculação.
Por outro lado, alguns membros da Igreja condenavam o procedimento, pois a varíola era vista como um castigo divino, e o homem estaria interferindo na conduta e na vontade de Deus ao tentar evitá-la.
Ao pensar que Galileu há um século atrás sugeriu que o movimento das marés não era obra divina, e agora o homem estava medindo forças com Deus pois criava-se métodos para evitar seu castigo! Enfim, estava-se surgindo o Iluminismo e o homem tinha conhecimento da sua capacidade de fazer as leis da natureza atuarem no sentido de melhorar sua condição de vida.
Boston veria uma nova epidemia de varíola em 1763, já com uma população de 15  a 20 mil habitantes. Quando os 13 primeiros casos surgiram com 11 mortes, esperava-se uma taxa de mortalidade muito maior do que em 1721 que foi de 7%. Porém, medidas de quarentena foram empregadas, e cerca de cinco mil pessoas foram submetidas a variolização. A epidemia acometeu apenas 1% da população.





A PRIMEIRA VACINA

O sudoeste da Inglaterra era uma região dedicada à economia leiteira, com pastagens apropriadas para a criação de gado, vivia da retirada do leite bovino para comercialização e de tempos em tempos, ocorria ali uma doença que recebeu o nome de cowpox, a varíola bovina.
Consistia em lesões de vesículas no úbere da vaca, que erm muitas vezes transmitidas às mulheres durante a ordena de um animal infectado. Mas a doença nessas mulheres ficava restrita às mãos , que também começavam a desenvolver lesões bolhosas semelhantes às da varíola , cicatrizando logo em seguida. A varíola da vaca era transmitida para as mãos da pessoa que ordenava o animal sem causar nenhum mal maior. Começaram a observar que aqueles que adquiriam cowpox ficavam imunes à varíola. Por ser um vírus semelhante ao da varíola, o cowpox estimula uma resposta imunológica também eficaz para o vírus da varíola, o que chamamos de reação imunológica cruzada. Observaram também,contraia a doença não apresentavam a lesão quando inoculados pela variolização. Além disso, como as vacas curadas não voltavam a desenvolver o cowpox, refeorçava o papel de prevensão apresentado por essa infecção, e por isto empregou-se para evitar a varíola no lugar da variolização.


Cowpox e o detalhe da lesão na mão
fontehttp://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Var%C3%ADola+Bovina&lang=3



Foi em Gloucester um condado na Inglaterra, região dedicada ao gado leiteiro que em 1749 nasceu Edwar Jenner. Jenner formado cirugião, interessou-se pela história natural dos animais e pesquisou as doenças que acomentiam os animais e o homem, seu interersse logo foi despertado pela proteção a varíola que  o cowpox dava às mulheres que faziam a ordenha. Em 1789 surgiu um surto de varíola bovina no condado.
Sarah Nelmes, a babá de seu filho, adquiriu a doença, então Jenner inoculou o conteúdo das pústulas em em filho e mais em duas empregadas. Nenhum dos inoculados manifestaram a varíola, ficaram protegidos.
Em maio de 1796, com o aparecimento de cowpox na região, Jenner novamente retirou o conteúdo das pústulas  e inoculou num garoto de 8 anos. Após sete semanas, quando o garoto foi então inoculado com a varíola, nada ocorreu, o que incentivou Jenner a empregar o cowpox outras vezes. O trabalho foi extendido a mais 8 crianças. Seu trabalho foi apresentado a Royal Society, que não o aceitou em razão do pequeno número de casos relatados. Diante da rejeição, Jenner publicou um livro sobre a inoculação do cowpox para a proteção da varíola. Por ter usado o termo latino referente a vaca em suas publicações, vaccina, sua técnica ganhou reconhecimento, tornou-se uma vacina que protegia da varíola, o que deu origem a essa denominação empregada até nossos dias.


 

Pintura de Ernest Booard, onde Jenner aplica a primeira vacina em 1796.
fonte:http://vacinar.net/site/historia-da-vacina.php

Edward Jenner,certa vez ouviu uma paciente dizer: "eu não posso ter varíola, pois já tive cowpox". Esta frase ficou retida em sua memória e foi o motivo de todas as suas observações em anos posteriores.
fonte:http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/variola/variola-7.php






Apesar da eficiência dessa técnica, Jenner foi combatido pelo fato de usar material de animais para inoculação em seres humanos. Seus opositores chegaram a levantar a possibilidade das pessoas desenvolverem feições de vaca ou lhe surgirem órgãos semelhantes ao do animal. Outra dificuldade do método era encontrar animais com a doença a fim de se inocular as pessoas. A maneira de solucionar a falta de epidemia de cowpox, foi usar a secreção que aparecia nas lesões do  braço das pessoas vacinadas, quando inoculadas com a variola. A criança que recebia o material em pequenos cortes no braço desenvolvia uma ferida ulcerada ao longo de uma semana, então retornava ao médico, que colhia o material das lesões e inoculava imediatamente no braço de outra criança.


detail from Illustration of Edward Jenner Vaccinating James Phipps,artist unknown. Undated illustration. Photograph © 2001 Bettmann/Corbis. Reproduced with permission.
fonte: http://cid.oxfordjournals.org/content/33/5.cover-expansion
Este técnica provocava menor reação cutânea que a variolização, além de não causar surto de varíola, fatos suficientes para conquistar a população médica e ser usada com método de escolha para prevenção.
O problema que a linfa retirada da outra pessoa poderia transmitir a sífilis assim recomendou-se que a inoculação fosse feita diretamente do úbere da vaca acometida com cowpox, a chamada  "vacinação animal.


fonte:http://www.sciencephoto.com/media/300640/enlarge



Harvesting vaccine from a cow in the 1870s. © unknown fonte:http://timelines.tv/smPox/more/spread5.html

Para Jenner , o controle da varíola pelo método da inoculação, extinguiria a doença da face da Terra, o que foi confirmado na década de 1970. Hoje ela está extinta, mas o vírus é guardado em laboratório nos Estados Unidos e Rússia. Essas amostras do vírus da varíola, que ficaram esquecidas pela população mundial voltaram ao noticiário no início do século XXI, como veremos na postagem sobre guerras bacteriológicas.


Pormenor evidenciando humanos transformando-se em gados
fonte:http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/09/os-efeitos-da-vacina-antivariolica.html



 A varíola bovina, ou Os efeitos maravilhosos da nova vacina (1802) James Gillray. Gravura. Biblioteca Nacional de Medicina (Bethesda)
fopnte: http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/09/os-efeitos-da-vacina-antivariolica.html







terça-feira, 27 de março de 2012

E OS AVANÇOS CIENTÍFICOS CONTINUAM...

No século da morte de Galileu, as descobertas científicas criariam terreno para a vitória da razão e da ciência sobre os domínios da Igreja, servindo de base para o Iluminismo no século seguinte. As descobertas se deram principalmente na matemática, tão importante para as explorações marítimas. Assim os matemáticos deixaram de ser elementos secundários e foram reconhecidos como fundamentais para o estudo da filosofia natural.
Diante da dimensão das informações era inevitável os conflitos, já não se sabia mais o que era oficialmente aceito ou não.
Em 1662 foi criada por Francis Bacon, advogado inglês, com forte influência na monarquia inglesa, a Royal Society, onde preconizava-se métodos para experimentos. Consistia em observar os fatos e registrar as impressões para as conclusões. Quanto maior o número de dados obtidos,  melhor seria a conclusão científica. Nasceu a metodologia da pesquisa científica, pela qual os trabalhos têm um objetivo que é alcançado após a análise dos dados pesquisados, isso fez nascer o experimentalismo. Faltava apenas um órgão competente que analisasse as descobertas e as aceitasse oficialmente.
A ascensão dos métodos experimentais, com um número cada vez maior de relatos nessa área, deu origem a grupos que se reuniam em debates filosóficos e praticantes de ciências naturais. Foi assim que nasceram a Royal Society de Londres em 1662. Três anos após a fundação da Royal Society lançava o primeiro jornal periódico científico. da história da humanidade o Philosophial Transactions of the Royal Society.



Cover of the first volume of Phil. Trans., covering the years 1665 and 1666

Royal Society de Londres




Foi assim que várias descobertasdo século XVII passaram pelo comitê de aprovação da Royal Society, sendo publicado seus periódicos para conhecimento do mundo científico.
A descoberta do microscópio desencadeou um avanço em várias áreas da ciência. A análise microscópica ajudou no entendimento da circulação do sangue, na identificação dos microorganismos,no estudo dos tecidos humanos e nos trabalhos de botânica.
Pela primeira vez o homem tinha a oportunidade de conhecer um novo mundo de seres vivos  através das lentes do microscópio.
Era uma época remota, onde ainda se encontrava longe o relacionamento os seres microscópios com as doenças que causavam.
Quem proporcionou o conhecimento desses seres foi o holandes Antony van Leeuwenhoek, que ao combinar suas lentes convexas, descobriu e desenvolveu o microscópio. Leeuwenhoek jamais conseguiria obter sua primeira publicação no Philosophical Transactions em 1673 se não fosse a intervensão de um amigo médico e anatomista que enviou relatos de sua descoberta ao secretário da Royal Society. Pelo fato de ser dono de um armarinho, e não médico ou cientista, dificilmente a Royal Society valorizaria suas observações.
Leeuwenhoek descobriu, com seu microscópio, os microorganismos presentes em uma gota d'água. Ele descreveu aqueles pequenos seres que se moviam nas lentes e os definiu como "animáculos". Tornou-se um fabricante de microscópios e estendeu seus trabalhos à observação de diversas substâncias, o que incluiu a descoberta dos espematozóides. Foi convidado a torna-se membro da Royal Society, e, pela primeira vez na História, um dono de loja fazia parte da principal sociedade científica do mundo. Apesar de Leeuwenhoek ser considerado o pai da bacteriologia, dada a importância de sua descoberta, a ciência teria de aguardar dois séculos para se concientizar da dimensão deste feito.

Primeiro microscópio inventado por Antony van Leeuwenhoek



"Vieram várias damas a minha casa ansiosas para ver as pequenas enguias no vinagre, mas algumas ficavam tão enojadas com o espectáculo que juravam nunca mais usar vinagre"




No mesmo ano da morte de Galileu, nasceu Isaac Newton (1642-1727), que seria um dos primeiros nomes da época por revolucionar a ciência. Newton desenvolveu o conhecimento da astronomia usando as leis da física, estabeleceu os conceitos de peso, massa e movimento que forneceram bases para a teoria mecânica do Universo.

segunda-feira, 26 de março de 2012

INÍCIO DOS QUESTIONAMENTOS....



O século XVI foi marcado por uma era de incertezas quanto às verdades até então consideradas absolutas pela Igreja. Com o descobrimento das Américas, o mundo viu-se diante de um continente desconhecido de tudo o que a Igreja descrevia. Tanto a  descoberta de nativos que viviam sem nenhum avanço científico quanto o Imperio Asteca, organizados político e socialmente, deixou o mundo perplexo com esses seres humanos não descritos na Bíblia.
A primeira grande derrota da Igreja foi proporcionada por ela mesma quando tentou corrigir o tempo defasado pelo calendário de Júlio Cesar. A Terra leva 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos para dar uma volta completa em torno do Sol. Pelo calendário egípicio este tempo era de 365 dias e seis horas, portanto 11 minutos e 14 segundos a  mais. Quando Júlio César no século I a.C. implementou este calendário, jamais imaginaria que após 15 séculos estaria atrazado em dez dias.
A igreja no Século XVI, percebeu este erro e sua correção seria fundamental, pois o principal feriado, a Páscoa, teria de ser comemorado no seu dia exato.
Em 1514, o Conselho do papa solicitou ajuda ao astrônomo Nicolau Copérnico para a solução desta questão.
Copérnico, logo percebeu que resolver este problema baseando-se nas teorias de Aristóteles, onde colocavam a Terra como centro do Universo e o Sol girando ao seu redor , não seria possível. Todos os cálculos dos movimentos planetários ficavam perfeitos e exatos quando se situava o Sol no centro do Universo e a Terra ao seu redor. Entre defender a verdade e enfrentar a Igreja, declarou que não tinha capacidade para resolver o problema e retirou-se para seus trabalhos.

Aristóteles contemplando o busto de Homero, 1653 Rembrandt van Rijn ( Holanda, 1606-1669)
óleo sobre tela, 144 x 137 cm
Metropolitan Museum of Art, Nova York
fonte:http://peregrinacultural.wordpress.com/tag/editora-objetiva/
Somente quando já acamado por paralisia em 1540, deu permissão para que publicasse sua obra Sobre as revoluções das órbitas celestes e morreu três anos depois. Seu trabalho apesar de atacado, abriu caminho para a passagem dos demais.
Nascido na Itália em 1548, Giordano Bruno concluiu o curso de Teologia em Nápoles em 1575.
As idéias de Giorgano Bruno repercurtiram na Igreja; ele criticava as teorias de Aristóteles, pregava que o Universo era infinito, citava a teroria de Copérnico e sustentava que a Bíblia devia ser seguida por seus ensinamentos morais e não por suas teorias em astronomia.
Após 7 anos de julgamento, prisioneiro do Santo Ofício, foi condenado à morte. Em 1600, Giordano Bruno era queimado vivo no Campo di Fiori, em Roma.
A seguir um breve documentário deste teólogo e astrônomo para destacar sua importância....




Nascido em 1545, Galileu Galilei, foi o primeiro cientista moderno e sua história, um exemplo de como a Igreja comandava as descobertas científicas. Recebeu com agrado a invenção de um aparelho óptico desenvolvido na Holanda, em 1608; a luneta, que proporcionava a visão ampliada dos objetos visualizados. Galileu aperfeiçoou o instrumento criando o telescópio. Descobriu uma infinidade de estruturas jamais vistas ou conhecidas.
Suas descobertas, tornavam clara a existência de corpos e movimentos no Universo que a Igreja desconhecia e que a Bíblia não citava; o céu não era imutável como sempre se sustentara.
Galileu começou a dizer que a Terra girava em torno do Sol assim como a Lua ao redor da Terra. Sempre defendeu os princípios de Copérnio, discordando da doutrina religiosa.
Causou descontentamento aos membros do clero, que o submetera á censura em 1616. Teria início seu silêncio científico.

Galileu diante do Santo Ofício, pintura do século XIX de Joseph-Nicolas Robert-Fleury. Wikimedia Commons
fonte: http://historiapensante.blogspot.com.br/


Galileu permanceu em prisão domiciliar até sua morte em 1642.
Também merece um belo vídeo.....

BRUXARIAS OU DOENÇAS?

A Europa viveu um período de intensa perseguição às bruxas desde a metade do século XVI até o final do século VXII. As razões para a perseguição e consequente condenação à fogueira, eram variadas; desde uma colheita ruim, como a fome  ou o surgimento de uma epidemia. As mulheres idosas e solteiras eram as mais sujeitas à acusação.
Por volta de 1550, aumentaram as acusações as mulheres bruxas na Europa e iniciaram-se os 150 anos de seu extermínio, com a morte de cem mil em fogueiras ou forca.
A população européia havia crescido muito, e a oferta de alimento não era suficiente para todos. Desde o  início do século XVI a Europa começou a receber muito ouro vindo das Américas, gerando uma inflação sem precedentes. Assim os ricos ficavam mais ricos e os pobres mais miseráveis.
Foi neste contexto de fome e miséria que a população buscou uma explicação. Assim as catástrofes foram atribuídas à bruxaria.
As mulheres acusadas de bruxarias eram submetidas a exames pelos tribunais da inquisição das comunidades. Ficavam nuas para que se procurassem lesões na pele que confirmassem relações carnais com o diabo, e lógico, qualquer lesão ou sinal encontrado já era um forte indício. Esta conduta aliada às técnicas de tortura para confissão levou muitas mulheres à condenação.


Litografia intitulada "Bruxa número 1", datada de 29 de fevereiro de 1892
Fonte: História: Começa a Caça às Bruxas de Salem | Silvana
Política Externa Brasileira
Cabe aqui relatar um fato histórico conhecido como "as bruxas de Salem".
A população empobrecida voltava-se sua alimentação européia para os cereais, entre eles, trigo, que era muito caro e por isto usado para a população mais rica, cevada, que era destinada ao gado, e a aveia e o centeio que restava para a população mais pobre. O que não se conhecia era o ergotismo; uma infecção causada por um fungo presente nas plantações de centeio, assim como no pão feito com este cereal. A doença atingia zonas rurais e populações pobres que consumiam centeio. As regiões mas castigadas pela praga foram as áreas pobres da França, Alemanha e Rússia.
A infecção pelo ergotismo se dá quando a pessoa ingere o alimento contaminado pelo fungo, e são duas as suas formas de apresentação; quando compromete as artérias, causa lesão inflamatária nas extremidades, com necrose, podendo levar à infeccção secundária. Em sua outra forma, o ergotismo compromete o sistema nervoso central, provocando convulsões, ansiedade, desequilíbrio, senseção de picadas pelo corpo, alucinações e delírios. O fungo produz uma substância alcalóide que é a base da produção do LSD, responsável por esse quadro de alucinações e delírios quando ingerido.
Em 1692, ocorreu na vila de Salem, em Essex, nos Estados Unidos, uma série de acusações a pessoas com alteração do comportamento que sofreriam de possessão do demônio. Dos 250 acusados, foram executados cinco homens e 14 mullheres jovens, conhecidas como as bruxas de Salem. Discute-se o ocorrido, levando-se várias evidências de que teria sido o ergotismo o que levou essas pessoas à morte.
Na época, existiam plantações de centeio na região. Há relatos da morte de uma parte considerável do gado, que também pastava nas plantações infestadas. A coloração avermelhada no pão de centeio, causada pelo fungo, foi descrita por três "bruxas". Relatos de 24 vítimas referem-se a sensação de picada pelo corpo e assinalam três mortes. A maioria dos acometidos foram crianças e adolescentes, que ingeriram maior quantidade de alimentos contaminados.
As perseguições às bruxas teriam fim no  início do século XVIII, com a última execução na Inglaterra em 1712.


fonte: http://blogscatolicos.blogspot.com.br/2012/03/inquisicao-protestante.html


quinta-feira, 22 de março de 2012

O TRÁFICO DE NEGROS

A colonização inglesa na América teve início com plantações de tabaco. A intensificação da produção e o crescimento da demanda européia tornaram necessário aumentar a mão de obra. A Inglaterra incentivou a migração para as colônias americanas oferecendo facilidades. Foi estimulada a partida de ingleses descontentes, empobrecidos, que teriam esperanças de uma vida e de um futuro melhor diante da possibilidade de aquisição de terras próprias para cultivo. No século XVII, ao contrário do que aconteceu na América Latina, o trabalho agrícola das colônias inglesas foi realizado por colonos, imigrantes e nao por escravos.
Em 1633 em Nova Virgínia, com   a entrada de europeus nas terras americanas, deu inicio a uma epidemia de varíola, que devastaria da população indígena. Ao longo do século viriam novas epidemias, porém em 1677 foi a pior do século, onde morreram até 9 pessoas por dia. Seguindo a varíola, vieram o sarampo e a disenteria.
No século XVII, o crescimento do mercado de escravos fez aumentar o tráfico negreiro. A maior demanda de escravos era para o Brasil e depois para as ilhas do Caribe e colônias inglesas. O tráfico negreiro produziu consequências diversas no que se refere às doenças infecciosas.


O Tráfico Negreiro para o Brasil. O mapa acima mostra a rota do tráfico de negros no contexto da escravidão de africanos nas Américas.
A captura de escravos no interior da África se dava por meio de prisões nas guerras entre tribos, por julgamento de crimes de roubo com punição de escravidão e até com invasões. Ocorreu assim uma comunicação entre as tribos do interior, entre povos de diferentes procedências, o que favoreceu a troca de agentes infecciosos. Depois de capturados, os escravos eram trasnportados em longas caminhadas, com pouco alimento, dormindo ao ar livre, até chegarm ao destino, ao portos de embarque.Nestes local ficavam meses aguardando o navio que os levaria ao seu novo destino. Viviam com pouca roupa, dormindo em armazens ao céu aberto, expostos a chuva, desnutridos e em contato direto com excreções fisiólógicas. Estas condições favoreciam à quadros infecciosos , que ocasionavam muitas mortes. Porém eram nas viagens que ocorria a maioria dos óbitos. As aglomerações em navios específicos para o tráfico eram descomunais, nos porões imundos e sem ventilação, recebiam o nome de "tumbeiros". Nos escravos recebiam água e alimento já deteriorados.

Esquema mostrando como eram transportados escravos em um navio negreiro

Daí a disenteria ser comum nessas viagens e a principal morte entre os escravos.Quando identificados, os mortos eram lançados ao mar.
Estima-se que cerca de dez milhões de escravos cruzaram o Atlântico e chegaram ao Brasil três milhôes e meio de cativos.
Além dos malfeitos para a população negra, outra consequência das infecções decorrentes do tráfico foi a sua disseminação por diferentes áreas do globo, como foi o caso da febre amarela e da malária, exportadas das regiões africanas para as Américas. As Américas com suas florestas tropicais  possuíam toda a capacidade para abrigar os agentes infecciosos da malária e da febre amarela, bastava então somente transportar estes agentes para as proximidades da região.
A transmissão da febre amarela ocorre com a picada do mosquito e a inoculação do vírus responsável pela doença. Inicia-se um quadro febril, queda do estado geral e calafrios, seguidos de compromentimento do fígado e dos vasos sanguíneos. A inflamação daquele órgão provoca um aumento de bilirrubina, causando a cor amarelada, principalmente no olhos e pele, daí o nome da doença; febre amarela. Quando o fígado entra em falência, não mais produz os fatores de coagulação do sangue, o que  provoca sangramentos. A taxa de mortalidade foi elevada; cerca de 15%.
A varíola chegou ao Brasil em 1620 pelo Maranhão, em 1621 estava na Bahia e Rio de Janeiro, depois de 1622 todo o litoral brasileiro enfrentava várias epidemias de varíola, o que obrigou a construção do primeiro cemitéri de escravos pelos franciscanos no Rio de Janeiro.
Em 1686, aportou em Recife navios negreiros com doentes por febre amarela. A doença propagou-se por Olinda, aumentou o número de mosquitos portadores do vírus. Em abril, era notificado o primeiro caso na Bahia, e a disseminação ocorreu rapidamente. A Bahia foi duramente castigada, havia dias em que morriam até duzentas pessoas, dentre elas jesuítas, pessoas humildes e membros da elite. O número de mortes foi maior entre a população branca, provavelmente pelo fato de os negros já terem tido contato com o agente na África.
Os navios também transportaram a febre amarela para as cidades európeias. Nessas embarcações não estavam somente doentes, mas também o mosquito, que proliferava nos barris de água. Lisboa perdeu cerca de seis mil habitantes na epidemia de 1723. Ma como não havia condições climáticas e geográficas para a proliferação do mosquito, esses surtos foram isolados e se extinguiram.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ENQUANTO ISSO NO BRASIL...

A consolidação da conquista na segunda metade do século XVI aumentou os núcleos populacionais,  que receberam assim mais agentes infecciosos. As tribos reagiram a essa intensificação da colonizaçãode duas maneiras: aquelas que se aliavam aos portugueses mantinham com eles uma convivência pacífica., as que se opunham eram atacadas, aprisionadas e escravizadas pelas tribos rivais associadas aos lusos. Mas todas elas sofriam a investida de um terceiro inimigo, muitas vezes mais potentes, os agentes infecciosos procedentes da Europa.

A França sempre cobiçava um pedaço de terra na costa brasileira, incentivada pela quantidade de pau-brasil. Foi entre os franceses na baía de Guanabara que iniciou-se uma epidemia de varíola que durou em 1555 a 1562. Propagou-se pela costa brasileira matando 50% dos indígenas acometidos. Várias vilas jesuítas perderam seus índios em fase de cristianização, há relatos de morte de até trinta mil deles.
A epidemia, que em 1559 castigou o litoral do Espírito Santo, também matou índios,que apresentavam sintomas de darréia sanguinolenta associados a outros parecidos com coqueluche ou  influenza. O início da décade de 1560, foi marcado pela epidemia decorrente de doença com sintomas variados. Houve casos descritos como diarréia hemorrágica e sintomas pulmonares, assim como a varíola na sua forma mais grave, a hemorrágica. Essa famosa epidemia pode ter decorrido, na verdade, de associações de agentes.

Gravura de Debret mostrando índios sendo escravizados por portugueses
Em 1570, chegava a nau de João Fernandes , conhecida também como a "nau das órfãs, por transportar uma grande quantidade de meninas que haviam perdido os pais durante a peste que assolou Lisboa à época. Assim, desembarcavam nos portos brasileiros a peste, a rubéola, o sarampo, e a varicela. Os tupis assustavam-se com esses novos visistantes,  a varicela recebia a denominação tupi de catapora, "fogo  que salta".
A segunda metade do século registrou o aumento do plantio de cana-de-açúcar e do número de engenhos pelo litoral. As províncias que mais prosperaram com esse cultivo foram Pernambuco e Bahia, locais em que se encontravama maioria dos engenhos.
A chegada dos jesuítas favoreceu a adoção de medidas de proteção aos índios contra sua escravidão. Determinou-se que só fossem escravizados os nativos capturados nas "guerras justas", ou seja, nas guerras a índios contrários às normas cristãs, aqueles que matavam cristãos ou praticavam antropofagia.


 Aqui fizemos uma casinha pequena de palha, e a porta estreita de cana. As camas são redes que os índios costuram; os cobertores, o fogo, para o qual, acabada a lição à tarde, vamos buscar lenha no mato e a trazemos às costas, para passarmos a noite. A roupa é pouca e pobre, sem meias ou sapato, de pano de algodão... A comida vem dos índios, que nos dão alguma esmola de farinha e algumas vezes, mas raramente, alguns peixinhos do rio e mais raramente ainda, alguma caça do mato."
Trecho de carta de Anchieta a Inácio de Loyola -1554





Uma epidemia de varíola em 1562 a 1563 dizimou os índios dos aldeamentos jesuítas e provocaram  sua fuga para o interior. Estima-se que morreram entre trinta mil índios em dois a três meses. 
Em conflitos por conquistas de territórios principalmene entre portugueses e franceses provocaram o surgimento de epidemias. Em 1597, em disputa por territórios na Paraíba, novamente ocorreu um surto de varíola que matou dez em cada 12 índios.
Em 1599, um navio espanhol com destino a Buenos Aires fez parada no Rio de Janeiro e por lá deixou uma epidemia não identificada que causou, em três meses a morte de cerca de três mil indígenas e portugueses.
No século XVII o panorama infecioso não mudaria. Frequentemente, as infecções chegavam às moradias dos nativos, principlamente a varíola. Em 1660, essa doença alcançou o Maranhão, alastrando-se no litoral, e em Belém, onde dizimou mais de 50% dos índios doentes. A epidemia disseminou-se pela rio Amazonas entre as missões jesuítas fundadas ao longo de seu leito, atinguindo a ciadeade de Manaus. Cerca de 44 mil nativos morreram nessa epidemia.
As doenças infecciosas, trazidas pelos europeus de maneira inevitável ajudaram praticamente a exterminar os nativos brasileiros. Ainda seriam utilizadas para consolidar a conquista territorial no final do século  XVIII, só que dessa vez de forama consciente. Os goitacás moravam em palafitas nas áreas pantanosas da região dos rios Paraíba do Sul e Itabopoana. Extremamente violentos , constituíam tribos difíceis de ser em combatidas e permanceram na região do campo de Goitacás por muitos anos. Até o dia em que os portugueses descobriram um meio de vencer os 12 mil índios resistentes usando a varíola como arma biológica. No final do século XVIII, esses nativos foram dizimados por uma epidemia da doença espalhada entre eles de maneira proposital pelos portugueses.
Do século do Descobrimento até o fim da escravidão, estima-se que três milhões de índios tenham sido exterminados pelas doenças infecciosas que os europeus trouxeram ao País.


Portinari

As dificuldades encontradas no emprego de mão de obra indígena nos engenhos aumentaram no transcorrer do século XVI. Cada vez mais, os donos de engenho se interessavam pela mão de obra escrava africana. Assim a adotaram definitivamente, e a vinda de africanos foi intensificada. Em 1590 a Bahia já importava um número seis vezes maior de negros, e estes predominavam também em Pernambuco. Partiram da costa da Guiné, depois do Congo e de Angola.





domingo, 18 de março de 2012

DESCOBERTAS DE NOVOS MUNDOS, E NOVAS EPIDEMIAS

Monumento aos descobrimentos portugues: rio Tejo Lisboa
NOVOS MUNDOS, NOVAS DOENÇAS:

O reino de Portugal foi um dos pioneiros na expansão ultramarinha. O início das grandes navegações portuguesas ocorreu com Dom Dinis. O monarca desenvolveu a marinha mercadante; reformou os estaleiros que se destinavam a restaurações, transformando-os em estaleiros de construção naval. Em 1290, fundou a Universidade de Lisboa, com a escola de "marinha".
Portugal lançou-se em mar aberto ao longo do século XIV. A bússula originária da China, começava a ser utilizada que dirigia suas embarações ao sul do planeta e as descobertas de diferentes tipos de ventos orientavam as embarcações criando as cartas náuticas para os navegantes.
Portugal estabeleceu relação comercial com o norte da África de onde provinha ouro.
Assim começou a estabelecer-se uma grande infra-estrutura de navegação com base científica, cuja finalidade era contornar a costa ocidental da África e chegar a grandes rios que levariam a descoberta de ouro. Elaborou-se assim a construção de embarcações e aprimorá-las de acordo com o progresso das descobertas, elaborar cartografias e desenvolver cartas celestes de navegação para o hemisfério sul. Começaram a migrar, para o país, banqueiros, engenheiros navais, matemáticos, astrólogos, geógrafos, astrônomos, especialistas em construção naval e cartógrafos da Espanha, Itália e Alemanha.




EXPANSÃO MARÍTIMA

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu"

Fernando Pessoa
Os navegantes portugueses rumavam cada vez mais para o sul da costa africana. em 1434, descobriram o cabo Bojador, que transposto graças às caravelas, marcaria as descobertas sistemáticas do litoral africano. As ilhas Cabo Verde seriam descobertas em 1446, e seu cabo ultrapassado. Quatorze anos depois, os portugueses chegarm a Serra Leoa. em 1471, ultrapassaram a linha do equador. A medida que exploravam a costa africana, os portugueses descobriram uma fonte de riqueza bem diferente da que os incentivara a princípio. Iniciaram aa exploração de escravos, ouro,marfim e pimenta-malagueta. A riqueza obtida com esse comércio propiciava o financiamenteo das expedições.




À medida que as grandes navegações cobriam distâncias maiores, surgiam problemas para a manutenção da viagem. A alimentação era fundamental para a grarantia da tripulação. Diariamente, fornecia-se para cada tripulante uma quantidade fixa de vinho e biscoito, alimentação básica, mas podia ser também manteiga, azeite, açúcar e vinagre. A carne era muitas vezes transportada viva no convés; ovelhas porcos, cabras eaves, que eram abatidas de acordo com a necessidade.
Frequentemente, a calmaria dos ventos fazia com que a viagem se estendesse mais que o esperado e a escassesz de alimentos causava a fome. Proliferavam ratos e baratas nos porões, disputando os alimentos armazenados, e estes se deterioravam nos locais quentes e úmidos em que eram guardados, biscoitos emboloravam e a água estagnada nos tonéis se contaminava com bactérias, ocasionando diarréias. 
Apesar das doenças infecciosas, o maior temor, e também o maior problema diante das grandes distâncias, era a carência de vitamina C na dieta, que causava o mal das gengivas, hoje denominado escorbuto, descrito na viagem de Vasco da Gama à India em 1498. De acordo com as descrições, ocorria o crescimento das gengivas com apodrecimento e odor fétido, sendo necessário cortá-las pra que nao cobrissem os dentes, além do inchaço nos pés.
O escorbuto é causado pela falta de vitamina C.,esta doença era muito comum nos pescadores.


O retorno muitas vezes era incerto, registrando alta mortalidade nas viagens pela quantidade de doenças, infecções, naufágios, guerras e combates. Os marinheiros dormiam espalhados pelo convês, expondo-se ao frio e às chuvas, o que aumentava a incidência de infecções pulmonares. Muitas vezes, no regresso havia menos que a metade da tripulação original.
Mais importantes que as infecçõesa a bordo das embacações foi a propagação de doenças infecciosas desconhecidas entre novos povos, no início os da Àfrica.


A SÍFILIS CHEGA A EUROPA

Por volta de 1493, com a descoberta da América Central,  foram grandes as trocas de agentes infeciosos, entre a América e a Europa, depois foram incluídos agentes originários da África. Dentre estes mereçe destaque a Sífilis. Supõe-se que a sífilis, partiu da América para a Europa, em troca de outros agentes  que foram enviados para a América, como causadores da varíola, peste, sarampo, tifo e gripe.
 Apesar de ainda existirem dúvidas sobre a origem da sífilis,  a arqueologia reforça esta teoria.. A sífilis causa acometimento ósseo, levando a deformação que podem ser avaliadas no esqueleto. Quando se estudam esqueletos europeus raramente se encontram lesões compatíveis com a sífilis antes do descobrimento da América. Por outro lado, esqueletos de índios americanos anteriores á presença dos europeus na América revelam uma ampla coletânia de achados.
As vésperas da chegada da doença na Europa, existia no continente promiscuidade sexual por parte da população masculina . Eram comum receber viajantes, garotos jovens recém-chegados. Em Roma existiam, na chegada da sífilis, mais de seis mil prostitutas, em Veneza, no início do séuclo XVI mais de 11 mil. A doença entrava pelas cidades portuárias da Espanha, França e Itália, espalhava-se pelos prostíbulos e daí, por mercadores e comerciantes.


Gravura de sifilítico atribuída a Albrecht Dürer (1471-1528)


Em 1494, deu-se início de uma era de guerra entre espanhóis e franceses pelo domínio de territórios italianos quando o exército frnacês marchou para conquistar Nápoles. Nápoles era a cidade mais populosa da Europa, com 150 mil habitantes, superando outras potências mercantis como Veneza com 100 mil habitantes, Lisboa com 50 mil. Recebia comerciantes e viajantes de todo mundo.
O exército frances com trinta mil mercenários dominou Nápoles. os combatentes comemoraram a vitória em prostíbulos da cidade durante dias, sem saber da presença desse novo habitante europeu, a sífilis.
O grande exército da França, era formado por combatentes mercernárioss da Espanha, França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Polônia e Hungria, entre outras nações. Com o retorno da cada combatente, para sua terra de origem, a sífilis disseminou-se pela Europa. Em 1495, estava na Alemanha, na França, e na Suíça, em 1496, já se manisfestava na Holanda e na Grécia, em 1497, na Inglaterra e na Escócia, e finalmente em 1499 chegou a Hungria, Polônia e Rússia.
Logo se evidenciou a ligação entre a nova doença e os prostíbulos. Ter a sífilis era sinal de mau comportamento, de relações sexuais pecadoras. Os doentes nem sequer podiam esconder as manchas na pele que ela causava, e já por isso se viam denunciados.
A sífilis influenciou a perseguição aos prostíbulos nas décadas seguintes. Entretanto, essa perseguição se deveu principalmente à Reforma Protestante desencaeada por Lutero no  início do século XVI e a sífilis foi empregada como pretexto interpretada como uma forma de castigo divino à imoralidade que dominava  o mundo. Lutero pregava uma reforma moral, pela purificação, defendendo o sexo para finalidade de procriação e não pelo prazer, atacando a prostituição.
A igreja católica se encontrava num período conturbado em relação ás atividades imorais dos seus membros. Era cada vez mais  comum que os membros do clero mantivessem relações sexuais e também relacionamentos com amantes.
Em algumas cidades da Inglaterra impuseram-se castigos às prostitutas e seus rostos foram marcados com ferro quente. Na França, em certas regiões, cortavam-se  suas orelhas. Na cidade de Gaillac, além da expulsão, foram relatados o espancamento e a imersão no rio como forma de castigo.
Foi assim que a sífilis, castigo de Deus aplicado por causa da imoralidade reinante na Europa, associada a intenção de moralização que a Reforma e a Contra-Reforma pretendiam, desencadeou a perseguição às prostitutas do século XVI. No século seguinte, ocorreu uma regressão dos casos, provavelmente essas perseguições e moralização sexual contribuíram para o controle da sífilis.




NA AMÉRICA ESPANHOLA:

Em sua segunda expedição rumo à colonização da América, os espanhóis partiram com as embarcações carregadas de gatos, cachorros, pocos, galinhas e também plantas da ilhas Canárias, e principalmente viajantes microscópicos que causaram uma epidemia e uma mortalidade considerável a bordo. Chegando à sua base de colonziação no Caribe, a ilha Hispaniola, a tripulação doente desenmbarcou em terras americanas e a epidemia disseminou-se pelos nativos. Atribui-se a doença ao vírus da gripe, o influenza, dados os sintomas de prostração e febre, mas acredita-se que pode ter ocorrido uma associação com outras doenças, como tifo e disenteria.
Na viagem , Colombo transportava sete índios que levara à Espanha para mostrar aos reis católicos. Cinco deles morreram no trajeto vitimados pela epidemia, do que se deduz que a mortalidade entre os habitantes da ilha Hispaniola acometidos pela doeça não foi insignificante. Dos espanhóis levados para a colonização mais da metade morreram, sendo incalculável o número de nativos que pereceram. A primeira cidade espanhola na América, Isabela, fundada em 1494, ficou deserta e desabitada pela mortandade.
Chegavam às ilhas caribenhas verdadeiras embarcações de epidemia. Nicolas de Ovando, transportou 2.500 colonos, em 1502, para a ilha Hispaniola. Logo na chegada, cansados e vivendo em situação de fome, muitos adoeceram e assim, morreram cerca de mil espanhóis, o que forçou a fundação do primeiro hospital na América em 1503.
Essa mortalidade não foi nada quando comparada a dos nativos. Segundo relatos do Frei Bartolomé de Las Casas, nos oito anos seguintes à chegada dos esapnhóis ao Caribe, morreiam nove em cada dez índios, alastrando -se doença nas ilhas de Porto Rico, Jamaica e Cuba.
No início do século XVI, as cidades da Península Ibérica prosperavam  com a economia fortalecida pelas novas terras e rotas descobertas. Às cidades espanholas chegavam os metais preciosos procedentes da América, enquanto às cidades portuguesas eram levadas caríssimas especiarias das Índias através da rota sul africana. As cidades ibéricas tornaram-se o principal centro econômico, europeu e tomaram o lugar das cidades italianas de Gênova e Veneza.
Nas cidades ibéricas crescia o número de casas, habitantes e ruas, assim como consequência, a pobreza e a miséria. Dirigia-se a elas um grande fluxo de imigrantes, mercadores e estrangeiros que colocavam as cidades sempre sob o risco da peste, que poderia chegar a qualquer momento.
 Foi 1507 o ano da grande peste. A epidemia se alastrou por todos os centros ibéricos. Em Lisboa, a peste permanceu de 1505 a 1507, e disseminou-se pelas cidades espanholas; Sevilha perdeu 28 mil habitantes, Barcelona 3.500 Madri 3.000.
Era previsível que as epidemias daquela década atingissem a América espanhola, em razão do trânsito marítimo.
Em 1514, chegou a ilha Hispaniola a expedição de Pedro Arias de Ávila com 17 embarcações e 1.500 homens recrutados em Sevilha. Esta nova remessa de agentes infecciosos foi responsável pela morte de dois terços da população indígena local. A doença descrita como modorra, pode ter sido causada pelo vírus da gripo , o influenza;
Enquanto as embarcações espanholas circulavam pelas ilhas do Caribe, os astecas - povo indígena que habitava o planalto central  do México, não imaginavam o futuro desastroso que os aguardava. Sua capital, Tenochtitlán, fundada no séucol XIV, era uma das cidades mais populosas do mundo, com milhares de habitantes. Construída acima de uma lago, era abastecida diariamene por centenas de barcos. o centro era formado por edificações cerimoniais aglomeradas ao redor de santuário Templo maior, com construções ornamentadas com pedras preciosas. Apesar de o império ter grnade extensção territorial, nunca houve dados que documentassem seu contato com os incas, no Peru. A união desses imperios se daria por sua conquista pelos espanhóis, que primeiro acabariam com a tranquilidade da capital asteca.
Em 1518, partira para o continente mexiano a expedição de Hernán Cortez com o objetivo de explorar terras e conquistar territórios indígenas ricos em ouro e prata. Cortez chegou ao litoral mexicano e iniciou sua exploração a partir do interior, percorrendo as cidades indígenas até chegar a Tenochtitlán. Seu exército deparou-se com uma população altamente organizada, até então não vista no Novo Mundo. A cidade era cerca de quatro vezes maior que os principais centros europeus, como Sevilha e Gênova. Possuía casas de pedra bem construídas, oragnizadas, e sistema de abastecimento de água por aqueodutos.



Na chegada de Cotez e seu exército a Tenochtittlán, a população e o Rei Montezuma os acolheram cordialmente como amigos. Cortez foi alojado no palácio e passou a receber presentes e a visitar a cidade. Mas a relação cordial foi efêmera. Cortez acusou Montezuma dos ataques que os espanhóis haviam sofrido no continente e o aprisionou, interferindo na administração local. Essa situação permaneceu por cerca de seis meses, com o rei cativeiro e os espanhóis a procura de metais preciosos. Os invasores foram finalmente expulsos depois de terem ultrajado do deuses astecas. E foram massacrados em sua fuga noturna para as cidades vizinhas, o que reduziu o exército espanhol a apenas centenas de soldados e dezenas de cavalos. Enquanto Cortez preparava novo exército para outro ataque à capital asteca, certos acontecimentos nas ilhas de Caribe o ajudaram neste propósito.

Montezuma II:

 
O número de europeus que chegavam ás ilhas aumentava a cada ano. Em 1510, o rei da Espanha, Ferdinando I, oficializava o emprego de escravos negros nas minas espanholas. Agora, além de estarem em contato com os europeus, os índios conviveriam também com os africanos.
Em 1518, uma nova doença européia chega é ilha Hispaniola: a varíola. Desembarcou nos portos, atingiu uma grande partte da população indígena susceptível, mas poupou os espanhóis, provavelmente por estes já terem tido contato prévio com ela e estarem imunizados.
A doença alastrou-se nas ilhas de Porto Rico e, posteriormente, em cuba, com a morte de um terço à metade dos índios. Estava em curso a primeira pandemia de varíola na América.

Ao segundo ataque comandado por Cortez ao império Asteca, ele não sabia, mas levava consigo uma importante aliada a varíola. Não é possível calcular quantos indígenas morreram , dada a falta de registros, mas sabe-se que na entrada da cidade rendida jazia um grande número de corpos, esaplhados pelas ruas e boiando no lago - vários em estado avançado de decomposição. Após a derrota do Império Asteca, a epidemia de varíola alastrou-se nos Estados Unidos, ao norte, e na América do Sul..
O exército espanhol, mesmo possuindo cavalos e espadas era pequeno em número de soldados, para vencer os índios. A varíola foi  fator importante na década de 1530 para essa vitória, depois veio o sarampo e seus efeitos nos nativos. No inicio, exterminou dois terços dos nativos restantes de Cuba e cerca da metad dos de onduras antes de continuar avançando pelo continente.
Até a década de 1530, já haviam entrado na América a varíola, o sarampo e o influenza. As frequentes epidemias e pandemias que os indígenas sofream, somadas às perseguições e aos massacres impostos pelos espanhóis, quase os levaram à extinção no séuclo XVI. Estima-se que essa população foi dizimada em 90%, permanecendo vivo um décimo do total de índios que existiam na América quando Colombo chegou. Na ilha Hispaniola, de um milhão de nativos, calcula-se que havia apenas quinhentos em 1548, no México, ocorreu uma redução de 25 a 30 milhões de índios, existentes à chegada de Colombo, para cerca de três milhões em 1568, com a varíola matando mais de 70% deles, nos Andes, onde viviam cerca de oito milhões de incas, avalia-se que havia anpenas um milhão em 1553.