quinta-feira, 12 de abril de 2012

MAIS MUNDOS NOVOS E MAIS NOVAS EPIDEMIAS....


MAIS CONSEQUENCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Uma vez consolidada a industrialização da Europa, os países necessitavam de mercado consumidor e, fundamentalmente, de matéria-prima. Esta era adquirida com a conquista de colônias fornecedoras, e daí iniciou a disputa de territórios, principalmente pelos Sudeste Asiático e África.
O litoral ocidental da África já era explorado e colonizado pelos portugueses desde o século XV, enquanto que o lado oriental do continente até a ilha de Madagascar era dominado pelos árabes. Abaixo destes pontos não se atreviam, temendo lendas de forças magnéticas que atraíam as embarcações para o fundo do mar. O interior africano,com suas florestas tropicais abrigando doenças infecciosas principalmente a malária, era ainda inexplorado, permanecendo com sua mata virgem e uma população livre do contato com agentes infecciosos estranhos.
França, Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, e Portugal já haviam dominado quase todos os territórios acessíveis da África. Bélgica também manifestou interesse em adquirir uma colônia para exploração. Leopoldo II, rei da Bélgica, não queria entrar em conflito com as nações européias, e com o pretexto de humanizar, evangelizar, alfabetizar,  acabar com a fome e principalmente combater a escravidão árabe, pleiteou o território neutro do Congo.


fonte: http://historiapublica.blogspot.com.b/
 

Após conseguir o apoio dos Estados Unidos, o rei da Bélgica partiu para ganhar a adesão das nações européias e foi bem sucedido. Em 1885, foi realizada a conferência de Berlim, em que as nações definiram as regras da colonização africana, ou melhor da "partilha africana". Nesta conferência a região do Congo foi denominada Estado Livre do Congo e foi considerada "independente", sob responsabilidade da Bélgica em "humanizá-la".


O LADO POSITIVO E NEGATIVO DA DESCOBERTA DO LÁTEX

Cabe aqui abrir um espaço sobre a descoberta do látex:
O látex foi descoberto no final do século XV nas Américas. Em 1823, Charles Macintosh desenvolveu, na Inglaterra, o processo de utilização em grande escala desta substância que aplicada a tecido, os tornava impermeáveis; criou-se assim as capas de chuva. Depois Charles Goodyear desenvolveu um método denominado vulcanização, que consistia em adicionar enxofre a borracha quente. Assim a borracha se tornava mais maleável, o que melhorou a qualidade de botas, por exemplo. As portas da indústria automobilísticas também foram abertas com a invenção das tiras pneumáticas. O novo produto desencadeou a industrialização maciça de objetos como pneus, mangueiras, tubos e materiais de vedação, associada a proliferação de fios de telégrafos, telefone e eletricidade, que precisavam de  materiais isolantes. A exploração do látex, ultrapassou seus limites e o preço disparou no mercado mundial. Para  felicidade do rei Leopoldo, pois o Congo, sua nova colônia, era rica em látex.


O EXTERMÍNIO DOS HABITANTES DO CONGO

Esposas e crianças, mantidas como reféns, eram colocadas em cativeiro sem condições de higiene e com pouca alimentação. Os chefes de família eram obrigados a penetrar nas matas da floresta tropical para apanhar látex. Para conseguirem a quantidade exigida, passavam até 1 mês na mata. À medida que o látex se esgotava, era necessário penetrar cada vez mais no interior da floresta. Os que não conseguiam a cota mínima tinham a mão direita decepada ou até mesmo eram mortos.
Os habitante do Congo levavam um vida de auto-subsistência. Os habitantes das aldeias tinham um calendário de trabalho que obedecia às exigências da natureza como a passagem das estações secas, chuvosas, quentes e úmidas durante as quais elas executavam seqüencialmente uma série de atividades: plantação das roças, colheitas, caça, pesca, construção das habitações, resolução dos conflitos, atividades culturais ou ritos religiosos, etc.
Quando o Congo passou a ser de domínio belga a vida tornou-se mais difícil para eles, porque foram obrigados mudar seu ritmo de trabalho para cumprir as obrigações de um colonizador.
Neste contexto: muitos familiares desnutridos, chefes ausentes, assassinatos daqueles que não conseguiam a cota mínima de látex, aliados a varíola que atingiu o interior do Congo, trazida pelos europeus, ajudou a disseminar a população.
Em 1897, construía-se a primeira ferrovia do leste africano. A ferrovia transportou o vírus da varíola para o território do Quênia, causando a grande epidemia que matou 40% dos negros doentes. A taxa de mortalidade por essa infecção pode ser comparada com a das comunidades indígenas da América, no século XV.


MAIS UMA NOVA EPIDEMIA:

A doença do sono é causada por um parasita o Tripanossoma, transmitida pela picada da mosca tse-tsé. Esta infecção produz períodos de febre, dores de cabeça e fraqueza intensa. A progressão do quadro inclui letargia e prostração, o que deu origem ao nome "doença do sono", com evolução para a morte.
Este doença sempre existiu ao longo do rio Congo, acometendo povos ribeirinhos de forma endêmica. Mas com a invasão em busca do látex a região sofreu uma grande alteração no equilíbrio ecológico: grandes áreas foram devastadas, aumento do tráfico comercial tanto terrestre quanto fluvial. A disseminação da mosca começou no território do Congo e depois por outras colônias africanas.
devido a "colonização" belga e as epidemias de varíola e da doença do sono.
Estudos estimam que o Congo de 1880 tinha uma população global de 25 milhões de habitantes. Cinquenta anos depois a população total era de apenas 10 milhões.
(fonte: http://www.casadasafricas.org.br/img/upload/327492.pdf  disponível em 20/04/2012).
Podemos concluir que,  10 a 15 milhõese de vidas congoleses foram sacrificadas 

É triste, foge do assunto, mas não posso deixar de colocar...



fonte: http://aprovadog.blogspot.com.br/


 
"Os oficiais europeus exigiam a prova que as balas eram utilizadas para abater os indígenas, e não para caçar ou para preparar um motim. Esta prova, era uma mão cortada ao cadáver. O que explica algumas mãos cortadas dos indígenas vivos, para justificar uma bala que foi utilizada na caça. Leopoldo, acusado, respondia com despeito: “as mãos cortadas, mas isso é idiota! Cortar-lhes ia efectivamente todo o resto, mas não as mãos. É a única coisa da qual tenho necessidade no Congo"

Adam Hochschild, O Fantasma do rei Leopoldo, p. 242-243.

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