quarta-feira, 30 de maio de 2012

DEPOIS DA GRANDE GUERRA A PIOR EPIDEMIA.


A GRIPE ESPANHOLA DOMINA O MUNDO

Pouco antes do término da Primeira Grande Guerra , o mundo sofreria com algo ainda mais devastador.
O estágio em que encontrava a ciência, com as medidas para prevenir contágios,  bactérias descobertas e vacinas sendo amplamente utilizadas, não foi suficiente para evitar a pior epidemia que a humanidade  enfrentaria. O  agente etiológico desta vez seria um vírus, forma de vida que só seria descrito em 1931, aproximadamente 11 anos após a epidemia.
Na história da humanidade, o vírus da gripe sempre foi endêmico. Entretanto, a taxa de mortalidade pela doença sempre foi baixa e decorrente de complicações como  pneumonia, acometendo extremos de faixa etária: as crianças e os idosos. .Mas o ano de 1918, marcou o surgimento de um novo vírus da gripe, com poder de invasão muito maior que se alastrou pelo  mundo todo, causando uma mortandade nunca vista antes e atingindo também os jovens. Por aparecer no último ano de guerra, sua disseminação foi facilitada pelos militares combatentes. Cerca de um quinto da população mundial foi acometida pela doença. Nos anos da gripe, entre  1918 e 1919, foram cerca de 20 a 40 milhões de mortes, muito mais que os oito milhões de combatentes da Primeira Guerra Mundial e os 16 milhões da Segunda.
 E o planeta Terra ficou gripado!!

Não se sabe ao certo a origem da epidemia, acredita-se que tenha iniciado nos Estados Unidos ou na Ásia.
A primeira onda de casos foi efêmera e ocorreu na primeira metade de 1918, em praticamente todo o hemisfério norte. A maioria dos países, ainda em guerra,  não queria admitir o surto que estava acontecendo. A Espanha, como era neutra no conflito,   relatou  a gravidade da nova epidemia que assolava o país, alertando a comunidade mundial, motivo que contribuiu para que a epidemia recebesse o nome de "gripe espanhola".
No final de agosto, porém as consequências foram muito mais severas.  O vírus transferiu-se, mais rapidamente, de pessoa a pessoa e ganhou progressivamente todos os lugares: Ásia, Europa, Américas. Mas dessa vez ela estava diferente; estranhamente atacava os jovens. Os sintomas também estavam diferentes; além da febre e dor de cabeça, em alguns dias começava a falta de ar, o rosto  e extremidades começavam a ficar roxo e a pessoa morria com os pulmões cheios de fluidos.


“Desenvolvem rapidamente o tipo mais viscoso de pneumonia jamais visto. Duas horas após darem entrada, têm manchas castanho-avermelhadas nas maçãs dos rostos e algumas horas mais tarde pode-se começar a ver a cianose estendendo-se por toda a face a partir das orelhas, até que se torna difícil distinguir o homem negro do branco. A morte chega em poucas horas e acontece simplesmente como uma falta de ar, até que morrem sufocados. É horrível. Pode-se ficar olhando um, dois ou 20 homens morrerem, mas ver esses pobres-diabos sendo abatidos como moscas deixa qualquer um exasperado”.
Relato de médico americano encontrado 60 anos depois da epidemia terminar


Nos Estados Unidos, a doença atingiu todos os estados. No auge da doença, na Filadélfia, morreram cerca de sete mil pessoas em duas semanas. O número de mortes excedia a quantidade de caixões existentes para os enterros. Os bondes eram usados para levar os corpos dos doentes, aumentou o número de crianças órfãos no país. O total de mortes, provavelmente sub estimado, só nos Estados Unidos, foi de quinhentos  a 650 mil habitantes.
No Alasca, várias vilas de esquimós foram dizimadas.
Ao atingir a Europa, a doença acometeu cerca de oito milhões de pessoas.  Os alemães perderam 225 mil pessoas; na Itália , a doença matou 375 mil habitantes, só na cidade de Turim, quatrocentas mortes por dia, Paris com 5 mil mortos por semana, na Inglaterra 228 mil mortos, em Madri, um em cada três habitantes, ficou doente.  A Índia foi a principal vítima da gripe, pelas estradas de ferro a gripe espalhou-se, e acometeu mais da metade da população, foram perdidas 12 milhões de vidas. No final de 1919, a gripe chegou a Bombai, levada pelas embarcações com doentes, em uma semana, morreu cerca de 1500 pessoas.  A produção indiana de juta e algodão diminuiu, contribuindo para o prejuízo econômico. A colheita foi fraca, gerando fome.
A cidade africana Freetown, em Serra Leoa, recebeu a gripe pelas embarcações inglesas, em um mês já atingira dois terços da população, matando 3% dos enfermos.
Na Inglaterra e País de Gales morreram cerca de duzentas mil pessoas.



Covas coletivas na Philadelfia
Mais uma vez o mundo viu horrorizado a humanidade regredir aos tempos medievais, quando corpos de parentes eram abandonados nas casas vazias, ou levados para serem deixados nas calçadas, numa tentativa frenética de livrar-se do mal.
fonte: http://histatual.blogspot.com.br/2011/10/gripe-espanhola-1918.html
disponível em 17/05/2012

A economia mundial entrou em crise, diminuíram as explorações de ouro na África do Sul, com a falência de empresas em todos os continentes, as plantações de café na América Central foram duramente prejudicadas, a fome agravou a situação no vale do rio Ganges, batatas não eram plantadas na Polônia. Sem contar a situação que se encontrava a Europa, recém-saída da Primeira Grande Guerra.
As mortes continuaram por todo o globo até que, como uma nuvem, a Gripe Espanhola desapareceu, dissipando-se sem deixar respostas às inúmeras perguntas dos cientistas. O vírus, que não pôde ser encontrado e isolado, morreu junto com os tecidos putrefatos das últimas vítimas de 1919. O medo permaneceria, pois se não foi possível identificar o vírus, não seria possível produzir uma vacina que pudesse prevenir uma nova onda mortal.






A GRIPE ESPANHOLA NO BRASIL

Em setembro de 1918, uma embarcação proveniente de Liverpool com escalas em Recife, Salvador e Rio de Janeiro foi a provável responsável pela introdução da gripe espanhola no Brasil.
O período de outubro a dezembro de 1918 foi o auge da gripe espanhola. Estima-se que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes.  Na cidade de São Paulo foram em torno de 350 mil pessoas acometidas pela gripe, o que na época correspondia a dois terços da população paulistana e deixou aproximadamente 6.000 óbitos.
A epidemia gerou a necessidade de mais profissionais para cuidar dos doentes. As regras do exercício da profissão médica, rigorosamente seguidas desde a época da origem do Serviço Sanitário, foram temporariamente esquecidas, dando oportunidade para curandeiros e benzedeiras, principalmente no atendimento aos mais pobres.
As normas do Código Sanitário também foram deixadas de lado e vários leitos hospitalares foram instalados em clubes e escolas, mobilizando também os funcionários e voluntários não doentes para auxiliar no tratamento dos enfermos. A Hospedaria dos Imigrantes, no bairro do Brás tornou-se um grande hospital.
A elite médica não chegava a um consenso com relação ao agente causal da doença, ou mesmo tratamento. Cogitou-se a possibilidade da ocorrência de duas epidemias simultâneas, de gripe e de pneumonia. Diante disto surgiram uma série de remédios milagrosos, tônicos e fórmulas especiais para a cura e prevenção da gripe.
Por ordem do Serviço Sanitário do Estado, foram proibidas todas as atividades que causassem aglomerações públicas, como as sessões de cinema, os jogos de futebol.
Não havia cocheiros em número suficiente, uma vez que as carroças estavam sendo utilizadas na remoção de cadáveres e muitos carroceiros estavam gripados. Várias lojas e armazéns foram fechados devido à doença e até ao óbito de seus empregados e proprietários. Florescia a indústria de funerárias.
O Conselheiro Rodrigues Alves, ex-governador do Estado de São Paulo que enfrentara o combate à febre amarela e a vacinação em massa de varíola no início do século, juntamente com Oswaldo Cruz, conforme postagem anterior, foi eleito Presidente da República. Deveria tomar posse em 15 de novembro mas, infelizmente, foi impedido pela gripe que o vitimou em 16 de janeiro de 1919.




onte:http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-76342009000100004&lng=pt&nrm=iso
disponível em 16/05/2012



" Uma das cenas mais chocantes dessa época, era de uma família da vizinhança em que todos os membros morreram atingidos pela gripe espanhola. Certo dia cessaram todos os ruídos e movimentos na casa e decorridos alguns dias, vieram os agentes do Serviço Sanitário recolher os corpos de todos da casa, embrulhando-os em lençóis empilhando-os em uma viatura depois veio uma carroça do serviço de desinfecção, retiraram como lixo alguns pertences e borrifaram alguma substância desinfetante e por fim pregaram várias taboas lacrando as portas e janelas dessa residência."
Ivomar Gomes Duarte Médico Sanitarista









PRECISAMOS FICAR EM ALERTA!


O INICIO

A domesticação de animais trouxe muitos benefícios para a humanidade, pois passou a ter, a seu dispor, animais para alimentos e reprodução, sem precisar  sair para caçar, mas também trouxe microorganismos que, adaptados, foram responsáveis por algumas de nossas epidemias.
Alguns animais viviam próximos as habitações humanas. Reproduziam-se apenas o suficiente para manter a espécie. Enquanto esparsos na natureza, e embrenhados na matas, os animais raramente se infectam. Vírus agrediam suas vítimas e desapareciam daquele grupo em decorrência dos poucos animais circulantes.
Algumas aves passaram a ser caçadas e outras colocadas em cativeiros. Os ovos também eram utilizados para a alimentação.  Nasceram, assim, as primeiras aves que evoluíram para as atuais galinhas.
Essas criações extenderam-se ao norte e sudeste asiático, incluindo a China e oeste da Ásia.
Ainda surgiria outro companheiro do homem; o javali. Viria das ilhas do sudeste asiático. Os javalis colonizaram o sudeste asiático, sul da Ásia  e expandiram para território europeu. Em alguns momentos e locais distintos os humanos apoderaram de algumas subespécies de javalis. Em vez de matá-los, optaram por mantê-los em cativeiro para reprodução. Gerações de javalis com mutações levaram a descendentes menos agressivos. Originaram-se, assim, os porcos atuais.
Desde modo, as regiões asiáticas concentravam galinhas, porcos e humanos. Estas três espécies,  vivendo juntos, criaram melhores condições para que vírus trocados entre si sofressem maiores variações genéticas e consequentemente adaptações em novos hospedeiros; preparava-se o terreno para o nascimento de mais uma doença infecciosa humana originária dos animais que se perpetuaria por mais de dez mil anos e traria pânico no século XX.
Pesquisadores já calcularam o tempo das mutações para chegarem no primeiro ancestral de todos os vírus  atuais, esta primeira forma existiu a 2.000 anos atrás. Época em que já haviam instalado a agricultura e domesticação de animais.




O CAUSADOR DA PIOR EPIDEMIA DA HUMANIDADE

Até a década de 1950, não se conhecia o agente causador da gripe espanhola. Os vírus descobertos na década de 1930, foram os responsáveis pela tragédia, mas não se sabia qual espécie causadora, assim consequentemente não existia uma vacina eficiente para combatê-la, caso voltasse.
À época da epidemia, o pavor era enorme, os corpos, os pertences e os locais das vítimas foram sumariamente destruídos. Não restara nenhuma amostra que futuramente pudesse ser estudada.
Em 1951 duas expedições americanas para o Alasca foram  em busca de amostras que pudessem estar preservadas pelo gelo. Ambas fracassaram, achando apenas ossos e tecidos, onde o vírus já se encontrava inviável para estudos.
Somente em 1997 a caçada ao vírus foi retomada. Desta vez com técnicas mais avançadas, conseguiram recuperar o vírus viável em tecidos de pulmão congelados . O mundo agora conhecia o agente causador da mais terrível epidemia que a humanidade já enfrentara: o vírus influenza .
influenza é amplamente difundido na natureza e apresenta taxas de mutação elevadas, o que torna a vacinação necessária todos os anos. Poucos deles têm capacidade de invadir e sobreviver em outras espécies tais como o homem e suínos. As pandemias letais vieram exatamente de alterações genéticas que os tornam capazes de atingir o homem. Este potencial  não pode ser desprezado.
Todos os tipos de influenza, conseguem sobreviver em aves aquáticas e migratórias. O vírus das aves pode sofrer mutação que o torna capaz de invadir o homem. Por outro lado o homem pode estar com um  influenza causador de uma gripe comum, aparentemente inofensiva, mas com o poder de transmissão de homem para homem. Se presentes na mesma célula, o vírus da ave e o vírus do homem,  podem ser misturados, formando um terceiro tipo. Um tipo que causaria uma gripe letal e com capacidade de transmissão entre a população. Estaríamos diante de um vírus recém criado, portanto nosso sistema imunológico não estaria preparado. Resultado: pandemia fatal. Para isso ocorrer basta a natureza fornecer mutações nos vírus das aves que os tornem capazes de invadir o homem, porém, até o momento, o influenza estabelecido no homem e nas aves não se transmite, exceto se aparecerem formas novas nas aves.
Mas não precisaríamos esperar tanto se lembrarmos de outro animal susceptível ao  influenza, o porco. Os vírus das aves e dos humanos têm capacidade de invadir os suínos . Esse seria um forte candidato para receber ambos e precipitar a mistura de seus RNAs. Os ingredientes para isso foram encontrados no continente asiático, com imensos aglomerados humanos, de aves migratórias e criação de porcos.
O influenza é classificado em tipos diferentes, de acordo com a constituição de sua estrutura externa, hemaglutinina e neuramidase, e recebe denominações diferentes  de H1 a H16 e  N1 a N9, conhecidos atualmente. A cada variação destas estruturas é uma  nova espécie.
Ao sequenciar o RNA do  influenza responsável pela gripe espanhola ficaram a cara como o maior vilão do século XX. Sabia-se agora o tipo responsável era o HINI. Seu material genético apresenta semelhanças com o tipo de influenza encontrado em porcos e aves.




MAIS EPIDEMIAS CAUSADAS PELO INFLUENZA

No dia a dia , não imaginamos que vivemos sob a ameaça constante do surgimento de um novo tipo de influenza, que assolaria a humanidade.
São muitas as variedades de tipos de  influenza, como vimos anteriormente. A maioria destas epidemias traz um prejuízo comercial, mas pouco risco ao homem por serem tipos de vírus característicos por acometer apenas aves.
Ao longo do século XX, houve duas significativas epidemias decorrentes de mais dois tipos de influenza identificados, o H2N2, que matou cerca de 1 milhão de pessoas na Ásia  em 1957, e o H3N2, em 1968 em Hong Kong, com 700 mil vítimas.
Em 1997, provavelmente, em alguma província da China, uma provável interação entre gansos e codornas trocaram vírus influenza entre si, surgindo  um novo tipo:  o H5N1 No ano seguinte causou epidemias entre as granjas de Hong Kong. Esta epidemia não causou grande preocupações pois era típico das galinhas e jamais atingiria o homem. Porém o vírus "saltou" das galinhas para o homem. Causou gripe severa em que um terço dos acometidos, 6 pessoas entre, criadores, tratadores e mercadores morreram. Medidas para evitar uma catástrofe, foram tomadas imediatamente, um milhão de galinhas foram dizimadas, mas o vírus provavelmente já atingira aves migratórias. Controlaram a epidemia pelo H5N1, porém o mal já estava feito, o vírus com poder de infectar aves e seres humanos já circulava pela natureza, aguardando um momento para entrar em cena novamente.
A partir deste acidente, o deslocamento deste vírus começou a ser monitorado:
Nos anos seguintes, nos meses mais frios ocorreram epidemias em aves aquáticas.
No ano de  2001, a partir de mutações genéticas, passou a atingir aves terrestres tais como pato, marreco, ganso, cisne, pardal e pombos. Esporadicamente voltava ao ser humano.
Em 2003 causou a morte de dois chineses da mesma família.
Ao final de 2003 o H5N1 adquiriu capacidade para invadir felinos;  atingiu dois leopardos e dois tigres, do zoológico da Tailândia, que morreram após comer carcaças de galinhas. Iniciou-se epidemias nas aves de criação. Em três meses acometeria criações na Coréia, no Vietnã, Japão, Tailândia, Camboja, Laos, Malásia e Indonésia. Humanos doentes surgiram no Vietnã e na Tailândia.
Em 2004 o vírus adquiriu capacidade de matar aves aquáticas, pois, até o momento, as aves eram portadoras mais não adoeciam. Estava instalada a "gripe do frango". 


Ásia

Hong Kong abate milhares de aves após descoberta de gripe aviária

Frango encontrado morto em mercado local estava infectado com o vírus H5N1

FONTE: REVISTA VEJA 21/12/2011


O número de mortes humanas começou a se elevar no Vietnã e na Tailândia. O zoológico tailandês presenciou a morte de mais tigres. A lista de países com doença humana pelo H5N1 crescia. Tombavam humanos do Camboja, China e Laos.
Em 2005 descobriu-se mais de seis mil aves migratórias mortas no lago chinês Qinghai, todas acometidas pelo H5N1. O lago recebe centenas de aves migratórias e esses animais poderiam carregar o vírus para as proximidades da Europa e sul da Ásia. Foi o que aconteceu; surgiram animais doentes na Rússia, Cazaquistão, Mongólia, Turquia, Ucrânia, Kuwait, Romênia e Croácia. Em 2006, o vírus marcaria sua presença no Oriente Médio e leste europeu, enquanto avançava pela Europa. No mesmo ano, humanos eram acometidos pela gripe na Ásia, principalmente Indonésia, e ao mesmo tempo também no Egito.
Até então o vírus tem se disseminados nos três continentes. A comunidade científica aguarda surgirem novas áreas com epidemias pelo H5N1. Quanto maior a circulação do vírus influenza, maior será a chance de acometimento humano. Quanto maior o número de humanos infectados, maior o risco de ocorrer uma infecção simultânea entre um  influenza H5N1 e pelo vírus de gripe humana.

     Uma outra pandemia de gripe será inevitável

                             em alguma época.





Disseminação de influenza pelo mundo

fonte: http://www.flucentre.org/media-library/p/detail/map-global-evolution-of-the-influenza-vaccination




CONSCIENTIZAR TODOS!
 A circulação do influenza  precisa para diminuir.
 Mas nesta campanha o prazo de vacinação foi prorrogado, pois até no  último dia somente metade da população procurou a vacina!"


sexta-feira, 27 de abril de 2012

AS EPIDEMIAS QUE INFLUENCIARAM OS RUMOS DA PRIMEIRA GRANDE GUERRA.




O INICIO DA PRIMEIRA  GRANDE GUERRA.

Ao final do século XIX o cenário mundial era:
O mundo era dominado pela Europa: Alemanha, Inglaterra e França, como potências, disputando mercados econômicos. A maior parte da frota mundial de navios mercantes ou de guerra, navegava sob as bandeiras destes 3 impérios. A maioria das estradas de ferro e linhas telegráficas era dominada pelos europeus. A quase totalidade da África e praticamente todas as ilhas do Pacífico estavam sob domínínio europeu. Na Ásia, os únicos grandes países não subjugados pela Europa eram a China e o Japão.
O império britânico e a China tinham cada um, 400 milhões de habitantes, abrigando em conjunto metade da população mundial.
A Europa passava agora por um sentimento sempre combatido pelas monarquias: o nacionalismo. As guerras napoleônicas acabaram, mas, por todo lugar que passaram,  deixaram forte devoção de idéias, tornou a massa coletiva cada vez mais nacionalista. Aos poucos, alianças eram formadas:  estabeleceu-se  de um lado a união de Rússia , Inglaterra e França e de outro lado Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália.
fonte: http://oficinadegerencia.blogspot.com.br postagem do dia 18/10/2011
disponível em 02/05/2012

No início do século XX, vários pequenos conflitos internacionais foram se intensificando e, consequentemente, as nações se fortalecendo militarmente. Nem a Igreja Católica conseguira diminuir a tensão. O papa Leão XIII era provavelmente a pessoa mais influente do mundo, em tempos de paz, mas quando uma guerra importante envolvia grandes potências, ele não era mais influente que um arsenal bélico, e principalmente, ao fato de que três grandes potências econômicas: Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha eram protestantes, não católicas.
O motivo para o início da Primeira Guerra Mundial ocorreu em junho de 1914, com o assassinato do sucessor ao trono Austro-Húngaro Francisco Ferdinando em território da Bósnia. O Império atribuiu a autoria do crime ao movimento nacionalista da Sérvia e declarou guerra a esta nação.
A guerra começou em 28 de julho de 1914. Nos sete dias seguintes, aliados se juntaram aos dois países. A Alemanha lutou ao lado da Áustria. França, Rússia e Grã-Bretanha formaram outra aliança.
Assim, o Império Austro-húngaro iniciou  ataque a Sérvia. Dentro de uma semana cinco potências e diversas outras menores estavam lutando ou prestes a lutar. Países expectadores escolhiam a melhor hora de entrar no conflito. No primeiro mês o Japão se posicionou contra a Alemanha empregando sua frota marítima. Em novembro os turcos juntaram-se aos alemães, e no mês seguinte a Itália. Quanto mais países entravam no conflito, mais difícil se tornava a tarefa de reunir todos para uma negociação de paz. O patriotismo tornou-se agressivo, até nas Igrejas os sermões   pregavam um nacionalismo exacerbado.
Nesta guerra, diferentemente das anteriores, não era mais necessários pessoas para cultivar e levar alimentos, assim poderia dispor de um maior "patrimônio humano" para as batalhas. As nações européias obrigavam quase todos os homens jovens ou de meia idade a passar por um treinamento militar. As mulheres poderiam ser transferidas para as fábricas de munições. Nas guerras napoleônicas um país podia dispor de 12% da sua população, agora o mundo poderia usar 50% para trabalhar para a guerra.



UMA DAS PRINCIPAIS BATALHAS: A BATALHA DE GALLIPOLI.

Na península turca de Gallipoli se localiza na entrada do estreito de Dardanelos. Local extratégico  com apenas 7 km de extensão, liga  o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro,  sendo portanto de fácil controle. Antes da guerra, a Alemanha, visando o estreito de Dardanelos, assina secretamente,  uma aliança militar com a Turquia. Dardanelos era de extrema importância para a Rússia, pois era a rota que levava suprimentos para seus exércitos. Além do que, o Mar Negro estaria protegido dos temidos submarinos alemães, cuja entrada seriam mais fácil de ser controlada pele estreito de Dardanelos.

Estreito de Dardanelos

A Rússia tinha abundância em soldados, mas escassez terrível em armamento pesado e até mesmo em uniformes para o frio. O exército russo se comparava a um grande rolo compressor, mas este rolo precisaria de suprimentos para mover-se e afastar as centenas de soldados alemães nas fronteiras.
Assim o estreito de Dardanelos se tornou crucial. A Grã-Bretanha, com toda sua força naval, se voltou para este local.
Em 25 de abril de 1915,  as forças britânicas, francesas, australianas e neozelandesas chegaram ao litoral da turquia na Península de Gallipoli e montaram uma perigosa base de operações perto de Dardanelos. O número de mortos e feridos foi grande . Os turcos estavam sob grande pressão; de um lado as forças anglo-francesas e de outro os exércitos russos, mas contavam com fortalezas e abastecimento terrestre contínuo, Depois de lutar contra os turcos cavando trincheiras e enfrentando terrenos e vegetação hostil, os britânicos e franceses concluíram que a vitória no Dardanelos era impossível.



A DISENTERIA INFLUENCIANDO OS RUMOS DA  BATALHA DE GALLIPOLI

Batalha anteriores foram o aprendizado de como de evitam baixas por infecções nas trincheiras. Já era conhecido a presença de seres microscópios que causavam doenças, bem como várias técnicas para evitá-los ou tratá-los.  Os “pé-de-trincheira” era tratado purificando a água com cloro, fumigando roupas e assegurando banhos regulares durante os rodízios fora da linha de frente. Vacinas evitavam o tétano e, para a gangrena gasosa, havia o “líquido de Dakin”, um antisséptico desenvolvido por um químico britânico e por um cirurgião franco-americano,  mas a era dos antibióticos só chegaria na Segunda Guerra Mundial.
A epidemia não seria mais o principal fator para definir o resultado de uma batalha, mas ainda era um grande aliado para aqueles que, de certa forma, se encontravam protegidos dela.
A disenteria amebiana, embora comum no norte da África, não tinha atingido a Europa até o verão de 1915, quando de espalhou nas trincheiras de Gallipoli. A maior parte dos soldados britânicos, que lá se encontravam foi infectada, pois a doença se espalhava através de larvas de moscas. Foram mais de 120.000 baixas. A disenteria foi um dos fatores decisivos no fracasso da campanha de Gallipoli. Ao final do ano de 1915, os exércitos britânicos e franceses foram abandonado o local . Se tivessem conseguido dominar Dardanelos e Constantinopla, poderiam ter mandados comboios de suprimentos para o exército russo, e o resultada da guerra para a Rússia, bem como os caminhos que este país tomaram poderiam ter sido muito diferente
.

Campanha de Galípoli, Abril 1915.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Campanha_de_Gal%C3%ADpoli
acessado em 11/05/2012
Relatos de soldados revelam obstáculos da invasão em Gallípoli – Do barco, marinheiro britânico conta como foi virar alvo dos tiros – No mar e na terra, uma amostra da resistência dos otomanos:
"Quando o senti o barco tocar em terra, corri em direção ao arame farpado na praia, locomovendo-me pela água que devia estar ainda a um metro de altura. Descobri que apenas Munsell e outros dois homens haviam me seguido. À direita de mim, em um rochedo, havia uma fileira de otomanos em uma trincheira, atirando em nossa direção. Olhei para trás. Uma fila de soldados encontrava-se disposta nas bordas da areia. O mar estava absolutamente vermelho, e era possível ouvir os gemidos em meio ao ruído da fuzilaria. Havia alguns poucos dos nossos atirando de volta. Eu os chamei para avançar. O soldado atrás de mim, porém, gritou: "Fui atingido no peito." Percebi então que todos haviam sido atingidos"
Fonte: http://historianovest.blogspot.com.br publicado em  3 de maio de 2012 acessado em 11/05/2012



E O TIFO REAPARECE...

A Alemanha era a maior produtora européia de produtos químicos,  máquinas operatrizes, de rolamentos, velas de ignição e munições óticas.  A Grã-Bretanha e a França, incapazes  industrialmente, precisavam importar muitos produtos dos Estados Unidos. Alemanha então passou a interceptar navios norte-americanos tanto de passageiros como cargueiros, com submarinos cada vez maiores. O ataque ao transatlântico Lusitânia, procedente dos Estados Unidos, lotados de mulheres e crianças, resultou em 1.198 mortes, resultou em grande revolta, este e  outros, motivaram os Estados Unidos a deixarem de ser uma nação neutra para entrarem na guerra.
O tifo não mais assustava o mundo há quase 100 anos atrás com o fim das guerras napoleônicas. Somente  Rússia apresentava a doença de forma endêmica, com noventa mil casos por ano. Mas qualquer situação de fome, guerra e aglomeração de pessoas poderia criar condições para  desencadear uma epidemia de tifo.
Em novembro de 1914, uma epidemia de tifo eclodiu entre os povos da Sérvia. Depois do ataque autro-úngaro, a população se encontrava em uma cidade em ruínas, sem locais para atendimento médico, vivendo em alojamentos improvisados e o agravante de  sessenta mil prisioneiros austríacos, muitos com tifo. Esses homens eram enviados a prisões da Sérvia em trens lotados. Os exércitos sérvios eram transferidos para áreas diferentes e a população peregrinava à procura de condições melhores de moradia.
No inverno de 1915  o tifo matou 150 mil pessoas, a ocorrência era de até seis mil mortes por dia, em diversas regiões da Sérvia, entre militares e civis. As operações militares da Sérvia foram suspensas para o combate ao piolho, já conhecido como agente da doença, mas não impediu a perda de 25% do exército sérvio. A guerra nesta fronteira ficou parada por 6 meses.
A Rússia sofreu várias derrotas na fronteira com a Alemanha e o Império Austro-Húngaro, sendo obrigada a recuar, perdendo territórios . Os soldados permaneciam nas trincheiras, onde a disseminadão dos piolhos os fazia ter mais medo do tifo do que da própria guerra. No primeiro ano do confronto, cem mil casos da doença ocorreram na Rússia, após as derrotas do ano de 1916, com o recuo do exército, o número de casos já atingia 150 mil. Mas seria entre os anos de 1917 e 1921, período Revolução Bolchevista que a Rússia  mais sofreria com as epidemias de tifo, registrando-se um total de trinta milhões de acometidos, e três milhões de mortes, uma das maiores epidemias da história e que, com toda certeza, ajudou nos caminhos políticos e econômicos tomados pela Rússia.

"Falta-nos praticamente tudo. Aprendi cedo a dependurar o pão num arame para o pôr fora do alcance dos ratos, a dormir com os sapatos apertados, porque tentar calçá-los depois de os tirar era uma ilusão, a dormir enrolado num capote molhado, dormir 4 horas no meio de algazarra, de gritos humanos, de cheiros pestilentos, mas a dormir." (Florent Fels, in Voilà)
fonte: http://parameusalunos.blogspot.com.br postagem do dia 04 de agosto de 2008
disponível em 02/05/2012


O FIM DO GRANDE CONFLITO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A expectativa seria de que a guerra iniciada em agosto de 1914, terminaria antes do Natal, previa-se a perda de um grande número de vidas, mas o conflito seria breve, com a ajuda de ferrovias, telégrafo e armas mais modernas, além do mais os sistemas bancários e financeiros não aguentariam sustentar uma guerra longa.
No entanto o conflito foi até o ano de 1918,  marcado por constantes derrotas da Alemanha e do Império Austro-Húngaro, e a saída antecipada da Rússia, enfraquecida pelos conflitos internos, e pelo tifo.  Finalmente, no final daquele ano, em 11 de novembro, foi assinado o tratado que colocou fim a Primeira Grande Guerra, o Tratado de Versales.
A paz havia finalmente chegado, era o que todas as nações desejavam mas em seus próprios termos.
Em Paris o tratado de "paz" insistia que a Alemanha foi a única culpada pela guerra. Assim os vencedores dividiram  a área central da Alemanha, tomaram todas as suas colônias, confiscaram sua marinha e ainda dispensaram seus exécitos além de imensa multa impostas como reparações da guerra.
Estas séries de exigências do Tratado de Versalhes, seriam responsáveis pela crise que precipitaria a Segunda Guerra Mundial anos depois.


sites consultados:
http://tmcr.usuhs.edu/tmcr/chapter19/intro.htm acessado em 11/05/2012
http://httpwwwyoutubecomwatchv3v1wwv.blogspot.com.br/ acessado em 11/05/2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

NO BRASIL, NOBRES INTENSÕES, BEM CONVENIENTES E MAL INTERPRETADAS.

Ano de 1900, após o controle da peste em Santos, o momento agora era colocar ordem na casa e instituir uma política de saneamento básico, começando pelo Rio de Janeiro.
As cidades portuárias ainda se encontravam em condições precárias de saúde pública: favelas começavam a subir os morros, ruas sem calçamento, com o barro misturado à sujeira de animais e vegetais. As epidemias se repetiam todos os anos, principalmente  febre amarela, varíola, peste bubônica e cólera. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca, admiravam de longe suas belezas naturais. No conceito internacional, o Rio de Janeiro era uma cidade linda, linda para se olhar, jamais para desembarcar nela. Na Europa, as boas companhias de viagem anunciavam em sua propagandas: "Trânsito direto para Buenos Aires, sem passar pelo Brasil e pelos perigosos focos de febre amarela da cidade do Rio de Janeiro". Este era o quadro que o Brasil passava para os outros países, alguma coisa deveria ser feita imediatamente.


Em nome saúde da cidade, o prefeito Pereira Passos quer
limpar o Rio de Janeiro, pra quem? Para a população
ou para a imagem da "Cidade Maravilhosa"!


Oswaldo Cruz participaria ativamente destas medidas. Suas intensões eram acabar com as epidemias. Seu desejo era o mesmo que o desejo dos governantes, porém as  intensões não eram as mesmas.
Os primeiros governos republicanos queriam transformar o Rio de Janeiro na "capital do progresso", uma espécie de cartão-postal que mostrasse ao país e ao mundo "o novo tempo" da República



Imagem do Rio de Janeiro, início do século XX, antes do projeto "Bota abaixo"

O maravilhoso Teatro Municipal foi construído,
uma das muitas obras influenciadas pelo estilo de Paris.
Mas não pensavam onde foram morar as milhares de pessoas
desabrigadas para as obras em estilo francês. Assim surgiram as favelas no morros...





Oswaldo Cruz foi então nomeado, em 1903, diretor da Saúde Pública do Brasil, sua meta inicial era acabar com a febre amarela. Organizou um sistema de saúde pública vinculada ao Poder Judiciário, para garantir que as medidas instituídas fossem obedecidas. A campanha foi montada como uma verdadeira operação militar. Oswaldo Cruz queria proteger a população. A maioria das pessoas não tinha conhecimento suficiente para entender a importância destas medidas, por isto ele optou por impô-las de uma maneira compulsória.

O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, como a derrubada de casarões e cortiços e o conseqüente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares. Todas as áreas que eram foco do mosquito foram atacadas. Aterraram-se alagados, lixos foram retirados das ruas, cortiços demolidos. Combatia-se também a peste; pagava-se cerca de trezentos réis por cada rato morto que as pessoas entregavam aos agentes sanitários.

Estas medidas caíram principalmente sobre a classe mais pobre que foi retirada do centro da cidade, o que incitou movimentos de protestos.

No verão de 1904, nenhum caso de febre amarela ou peste bubônica foi registrado. As medidas adotadas surtiram efeitos benéficos e o trabalho de Oswaldo Cruz fora reconhecido.

Infelizmente o mesmo não aconteceu com a varíola. Como não era transmitida por nenhum animal ou inseto e os vírus só seriam descobertos ano depois disseminou-se de forma assustadora. No inverno de 1904 foram 3.566 mortes por varíola. Oswaldo Cruz intensificou a política de vacinação.

A vacina contra a varíola, graças aos esforços de D. João VI, já era obrigatória para crianças desde 1832. Mas esta lei nunca fora seguida pela população, sendo usada em larga escala pelos fazendeiros nos seus escravos.

No auge da epidemia de varíola em 1904, Oswaldo Cruz empreendeu sua campanha para a vacinação maciça da população. Em julho daquele ano, era aprovado um projeto de lei que tornava obrigatória a vacinação. Os efeitos da obrigatoriedade trouxeram revolta na população. Muitas propagandas julgavam a medida como uma violação da liberdade individual . A imprensa atiçava os ânimos, fazendo correr boatos de que a vacina, em vez de imunizar, provocaria a varíola.

Embora seu objetivo fosse positivo, novamente foi uma medida aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo ou mesmo que segurassem o braço das mulheres da casa para aplicação do medicamento.

Esta revolta também tinha um lado político. Civis e militares que, junto com Deodoro da Fonseca ajudaram na proclamação da República e participado nos primeiros anos de sua implantação tinham sido afastados pelas grandes oligarquias cafeeiras paulistas do Presidente Rodrigues Alves. Aproveitando o momento, usavam a vacinação e o medo da população, contra o governo. O articulado Centro da Classe Operária também organizava protestos contrários à vacinação, fundaram a Liga Contra a Vacinação Obrigatória que contou com o apoio de alguns militares.

As pessoas eram vacinadas mesmo contrariadas


Mas eram vacinadas....


A rebelião teve seu ponto máximo no dia 13 de novembro de 1904. A população tomou vários bairros na região central. Barricadas eram construídas nas ruas, bondes eram tombados. Oswaldo Cruz recebeu cartas anônimas ameaçando-o de assassinato, sua casa foi cercada e ameaçada de invasão, o que o forçou a fugir.
No dia 15, chegaram de São Paulo e Minas Gerais os batalhões para apoiar o Exército da República. O governo agiu rápido e com dureza. Tropas percorreram os cortiços, capturando não apenas os haviam participado do motim, mas todos aqueles encontrados desocupados. E enfiou-os, sem ouvi-los, em porões de navios, despachando  para o território do Acre que acabara de conquistar da Bolívia. A rebelião estava controlada, mas a população obteve sua vitória; estava suspensa a lei da vacinação obrigatória.
Com isso Oswaldo Cruz viu interrompida sua política de saneamento.
Este erro somente foi visto pela população 4 anos depois, quando uma nova epidemia de varíola se alastrou no Rio de Janeiro, atingindo aqueles que não foram vacinados., foram nove mil casos de varíola, com uma morte a cada 100 atingidos.


Aqui vai um vídeo muito gostoso sobre o tema, fiquei com vontade de conhecer este lado do Rio, mas será que ainda existe?

 




 
 
Para aqueles que gostaram deste assunto recomendo o blog: http://andyantunes.blogspot.com.br postagem do dia 16 de dezembro de 2011

Recomendo também o livro Nosso século Brasil 1900/1910, volume I editora Abril edição 1980.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

AS EPIDEMIAS QUE FINALIZARAM O SÉCULO XIX

                                
A FEBRE AMARELA NAS AMÉRICAS DO SUL E DO NORTE

As ilhas do Caribe, desde o século XVII, foram as principais concentrações do Aedes aegypti mosquito transmissor da febre amarela.
No início do século XIX, os Estados Unidos se lançaram num processo de aquisição de regiões mais ao sul, a fim de ampliar seu território. Assim, em 1803, compraram da França toda a área de Lousiana e em 1812 tomaram da Espanha as regiões da Flórida e do Mississippi.
O sul dos Estados Unidos tornou-se então uma região agrícola, mão de obra seria necessária para as plantações de algodão. Das ilhas do Caribe, começariam a chegar escravos e junto com eles a febre amarela.
Na segunda metade do século XIX, começaram as epidemias de febre amarela no sul dos Estados Unidos. A doença entrava pelos portos de Nova Orleans e Charleston, disseminando-se para o interior pelo rio Mississippi ou pela orla atlântica.
Em 1853 chegava em Nova Orleans a notícia da epidemia de febre amarela. O alarme provocou grande êxodo e a cada 10 habitantes restaram apenas 1 na cidade. Cerca de 50 mil moradores fugiram e nove mil morreram. A epidemia alastrou-se em direção norte, deixando um rastro de 11 mil mortos.
Vinte e cinco anos depois, Nova Orleans viveria uma segunda epidemia ainda mais assustadora. Um terço dos habitantes fugiu, cerca de 150 mil, e outros vinte mil foram acometidos. A epidemia disseminou-se pelo rio, atingiu duzentas cidades de oito estados diferentes. Um total de 20 mil mortos ocorreu em um ano.
Nesta época, o telégrafo já havia sido inventado, as mensagens eram transmitidas com mais rapidez, e junto com as recentes descoberta dos miccroorganismo, marcaram esta epidemia com atos  de violência. No ano de 1897, populações passaram a proibir a entrada de estrangeiros nas cidades, destruir pontes e estradas de ferro e construir barreiras.
Havia evidências suficientes para relacionar a febre amarela com as ilhas do Caribe. Em Cuba a doença já era endêmica. Em 1881, o médico biólogo cubano Carlos Juan Finlay, estudando a doença na ilha, publicou um artigo sugerindo que sua transmissão se dava pela picada do mosquito
Em 1898, as epidemias de febre amarela varreram o sul do país, obrigando o governo, por intermédio do médico Walter Reed, tomar providências urgentes na ilha de Cuba, invadida havia pouco tempo pelos Estados Unidos. Surgiu a primeira oportunidade para investigarem a doença



NA EPIDEMIA DA FEBRE AMARELA A OPORTUNIDADE PARA ENTENDER A DOENÇA.

Walter Reed,  foi encarregado de investigar a febre amarela em Cuba. Ciente dos estudos de Finlay, recrutava voluntários para testar sua teoria. Os voluntários eram submetidos ao contato com secreção de doentes. Dormiam em camas com sangue e e usavam as roupas dos enfermos. Como os voluntários não apresentaram nenhuma reação própria da doença, esses primeiros estudos mostraram que a febre não era contagiosa. Walter Reed, submeteu cinco militares americanos à picada do Aedes aegypti e constatou o início da febre amarela.


Pintura de Dean Cornwell mostrando o experimento realizado em 1900 por Walter Reed em Cuba, com os voluntários expostos aos mosquitos


Medidas foram adotadas para exterminar o mosquito, como a extinção dos criadouros em água parada. Os resultados foram excelentes. Em 1900, registraram-se mais de mil casos da doença, em 1901, apenas 37 e finalmente em 1902, ela estava extinta em Havana.


Pacientes com febre amarela em um Hospital em Havana
disponível em 20/04/2012



A TERCEIRA PANDEMIA DE PESTE BUBÔNICA

A epidemia de peste bubônica sempre foi das mais temidas. A cada surto ocasionava a morte de praticamente um terço da população da cidade, fuga em massa de habitantes apavorados e prejuízo comercial pelas medidas de quarentena e estagnação do comércio.
Foram 3 pandemias que acometeram a humanidade, cada uma delas iniciou e terminou inesperadamente.
A primeira epidemia, conforme relatado em postagem anterior, foi no século VI  em Constantinopla. Naquela época, a cidade desenvolvia e crescia, recebendo muitas embarcações vinda principalmente da Índia. Em uma destas rotas transportou ratos infectados. Durante 4 meses morriam, por dia, cinco a dez mil pessoas, no primeiro ano acredita-se que tenha morrido trezentas mil.
Oitocentos anos depois a peste ressurgia na Itália. A Europa tinha uma super população e enfrentava grande fome. A fragilidade da situação ajudou a segunda pandemia ser pior do que a primeira. A doença matou cerca de um terço da população em apenas 3 anos, cerca de 20 milhões de pessoas
Seiscentos anos depois a peste bubônica encontraria uma civilização com navios a vapor que atravessavam os oceanos. Desta vez a peste não ficaria somente no continente europeu, agora se extenderia também para o continente americano. Em contrapartida  a humanidade já contava com pessoas que não acreditavam mais que as epidemiras eram castigos de Deus...




DESPERTANDO O BACILO DA PESTE....

No início da década de 1800, Yunnam, uma  vila na região sul da China, longe do litoral, tinha uma população rural que vivia da agricultura auto suficiente e isolada do mundo em desenvolvimento. Junto com esta população o bacilo da peste bubônica vivia em equilíbrio. Quando surgia moradores acometidos com a peste, a comunidade tratava com ervas tradicionais, muitos se curavam, muitos pioravam. Não demonstrando sinais de melhora eram levados para locais desertos e afastados. Nessa região não havia rotas comerciais e a peste se manifestava de forma discreta longe do conhecimento do mundo.



 Yunnan, província no sudoeste da China, situa-se aos pés da Montanha do Dragão de Jade, que passa o ano inteiro cobertas de neve.
disponível em 20/04/2012
Hoje Yunnam é assim.....
 A China  do século XIX desfrutava de paz e tranquilidade, com a construção de palácios, bibliotecas, desenvolvimento da arquitetura, arte e educação. Mantinha relações muito fechadas com a civilização ocidental. Somente era permitido um porto comercial em Cantão. Europeus eram mutio descontentes com esta situação. Depois da revolução industrial, os ingleses precisavam mudar esta realidade, pois era necessário expandir seus produtos.

Porto de Cantão, em Macau. entreposto comercial na Ásia.
A China produzia e vendia, chá de qualidade,seda e porcelana, que eram apreciadas por toda Europa. Os ingleses compravam muito da China e os chineses não se interessavam pelos produtos da Inglaterra. Estima-se que no início do século XIX a China já contava uma população de cerca de 450 milhões de pessoas, um excelente mercado.
disponível em 20/04/2012


Ao final do século XIX, os ingleses, viram no descontentamento da população chinesa com o regime opressor do governo, uma oportunidade para penetrar naquele comércio tão fechado. A alternativa era oferecer um produto, que, por motivos óbvios, seria bastante consumido: o ópio.
O ópio procedia principalmente da Índia, era desembarcado dos navios ingleses no porto de Cantão e percorria as estradas para o interior até Yunnan.
Em 1838, a população sucumbia ao ópio, ricos e pobres se entregaram a droga, enormes quantidades de prata chinesa eram embarcadas nos navios ingleses.


Fumantes de ópio.
A China poderia se tornar o maior país do mundo – desde que se tornasse militarmente mais forte.  Perderam as Guerras do Ópio: a Inglaterra impôs que os chineses deixassem a droga ser vendida livremente no país. O ópio, produzido na Índia, era a espúria contrapartida que a Inglaterra encontrara para equilibrar seu comércio com a China, de quem consumia chá, seda e porcelana.)

Diante deste panorama o governo de Pequim proibiu o mercado e o consumo de ópio. Começara a primeira Guerra do ópio. Ao fim da guerra em 1842, o resultado foi a favor dos ingleses; a China foi obrigada a abrir mais portos, o vilarejo de Hong Kong foi cedido aos ingleses.
Yunnam não era mais o vilarejo isolado:  viciados e mercadores clandestinos transitavam da cidade para porto de Cantão. E o bacilo da peste não ficaria mais restrito somente naquele lugar.
O ano de 1850 foi marcado pela má safra da agricultura, fome e miséria, unido ao descontentamento da população, dando origem a uma guerra civil que duraria 14 anos. As migrações e fugas aumentaram, assim como o movimento de tropas,. Todos estes acontecimentos foram suficientes para inciar a terceira epidemia da peste negra.
Em 1894 a cidade de Cantão foi acordada  no dia 1º de maio com notícias da epidemia da peste. Somente nos meses de maio, junho e julho morreram setenta mil pessoas. Seria preciso conter a epidemia.



NA EPIDEMIA DA PESTE BUBÔNICA A OPORTUNIDADE PARA ENTENDER A DOENÇA:

A bacteriologia vivia sua fase ouro, no auge da descobertas dos microorganismos, a teoria dos miasmas era passado. Em algumas doenças, como tuberculose, pneumonia, cólera, difteria, pneumonia e escarlatina, já  tinham seus agentes identificados. A causa da peste ainda permanecia um mistério e agora seria a oportunidade para esclarecê-lo.
Chegou à Hong Kong em 1894, a equipe do Dr. Shibasaburo Kitasato, médico experiente da escola alemã de Robert Koch. Kitasato foi muito bem recebido pelas autoridades inglesas. Todas as condições para que ele descobrisse a bactéria da peste bem como seu controle foram atendidas.
Em junho do mesmo ano,  Hong Kong também receberia o Dr. Alexander Yersin, Médico do Instituto Pasteur.Yersin não encontrou a mesma hospitalidade. A equipe de Kitasasto, da escola de Koch, mostrou-se hostil em relação a chegada do bacteriologista da escola de Pasteur.


Shibasaburo Kitasato
Médico japonês
 (1852-1931)











Alexander Yersin
Médico suiço
1863-1943
Yersin tomou uma decisão ousada; instalou-se em uma construção rudimentar, um paiol contruído de palha e bambu. Para lá levou seu microscópio, alguns roedores e meios de cultura para as bactérias. Precisaria agora do mais importante; o material biológico.
Os mortos pela doença, cerca de uma hora, ficavam em covas rasas, até serem enterrados. Foi nestes locais que Yersin conseguiu o material que tanto precisava. Abria as mortalhas na altura da virilha, introduzia a agulha no centro do bubão, e com a seringa, aspirava o material do interior.
Yersin, no laboratório, analisando ao microscópio, viu surgir uma enorme quantidade de bacilos diante dos seus olhos, era o bacilo que posteriormente seria batizado como Yersinea pestis.

Enfim o causador de milhões de mortes que por séculos dizimara boa parte da humanidade estava descoberto!!
disponível em 22/04/2012



Yersin in his laboratory in Kennedy Town. Photo: Hong Kong Museum of Medical Sciences
 
 
Os casos da peste continuaram. Yersin precisava esclarecer o meio pelo qual a a doença era transmitida. Seus estudos se intensificavam nos locais mais acometidos.  Yersin isolou e identificou o bacilo no chão das casas e nos ratos mortos. Formulou a teoria de que os ratos transmitiam a doença, que estava parcialmente correta só faltava incriminar também a pulga do rato!
Em abril de 1895, Yersin voltava para o Instituto Pasteur, em Paris, onde as amostras que enviara já haviam sido exaustivamente examinadas.  O Instituto direcionava sua atenção agora para a produção de vacinas e soros.
O bacilo então era introduzido em cavalos, que, em resposta ao agente estranho, produziam anticorpos para combatê-los. O sangue do animal era retirado e dele separava-se o soro contendo anticorpos.
Assim Yersin, dispondo de recursos, retornou a Ásia em 1986, instalou seu laboratório, para a produção do soro antipestoso. Ele administrava o soro em doentes e registrava cuidadosamente suas reações. Uma a um, os primeiros vinte pacientes evoluíram para melhora dos sintomas e a doença desapareceu nas pessoas tratadas.



A PESTE CONTINUA SUA DESTRUIÇÃO

Apesar das recentes descobertas, as condições para a doença propagar-se eram mais favoráveis e por isto a doença continuou sua destruição.
A Índia mantia fortes ligações comerciais e a chegada da peste era questão de tempo. Assim, no verão de 1896,  o porto de Bombaim, foi recebido com a notícia da chegada da peste.  Estradas que levavam ao interior começaram a ficar lotadas de imigrantes de Bombaim. Essa migração de duzentas mil pessoas foi responsável por levar a peste à região central e ao sul da Índia. Medidas urgentes deveriam ser tomadas para conter a peste, que já batia as portas da Europa.
Desta vez, Paul Louis Simond, outro membro do Instituto Pasteur iria até a Índia para estudar a doença.
O meio científico ainda não sabia que os insetos transmitiam a doença. Somente dois anos depois Walter Reed comprovaria a transmissão da febre amarela através do mosquito.
Simond observou nos doentes algumas lesões minúsculas, em forma de vesículas, no mesmo membro em que, a virilha ou axila, crescia o bubão. Recolheu o material do interior dessas vesículas e surpreendeu-se ao encontrar o bacilo da peste.
O rato transmitia a peste e a porta de entrada era a pele. Assim Simond descobriu que o bacilo era introduzido na pele e o único elo seriam as pulgas do rato infectadas pelo bacilo.
Para provar sua teoria Simond montou uma gaiola com dois compartimentos. Em um, colocou um rato infectado pela peste e no outro um rato sadio.
Após o quinto dia o rato sadio começou a mover-se com dificuldade  e no sexto dia morreu.  A sua necrópsia comprovou que ele morreu infectado com a peste.




A PESTE SE ESPALHA NA EUROPA  E NAS AMÉRICAS.

A peste tomou dois rumos; embarcações pelo oceano Pacífico levavam a doença até o Havaí, e posteriormente a cidade de São Francisco nos Estados Unidos. A outra direção que tomaria teria como destino a Europa através do mar Vermelho que atravessando o canal de Suez chegaria ao Mediterrâneo. As relações comerciais, principalmente com Portugual levariam a peste ao Brasil e a Argentina
Em 1899 ocorreu o primeiro caso da peste no Havaí. O foco principal da peste estava no bloco dez do bairro de Chianatow. Foram então proibido a entrada e saída de moradores. Desinfecção com cal foi feita nas ruas e nas casas dos doentes. Os mortos e suas casas foram queimados. Esta foi a pior medida que poderiam ter tomado. Pois o fogo alastrou-se  e, em poucas horas, um incêndio fora de controle tomou conta do bairro.  A peste, neste caso, fez menos vítimas do que o incêndio.
No mesmo ano enquanto o Havaí lutava contra a peste, esta chegava a Portugual, mais especificamente na cidade  do Porto e de Lisboa. Estas duas cidades eram as mais industrializadas de Portugual, abrigava meio milhão de trabalhadores nas indústrias. Ao anoitecer, milhares de trabalhadores, incluindo crianças e mulheres deixavam as fábricas, percorrendo bairros pobres, ruas com quantidades enormes de lixo e ratos e esgotos a céu aberto.
No Brasil a peste entrou pelo porto de Santos,  na época, principal ponto comercial do Brasil.
Um hospital, distante da cidade, fora construído para abrigar pacientes em quarentena e vítimas de epidemias, era o Hospital de Isolamento. As alas eram divididas e por elas somente circulavam pessoas autorizadas. Foi neste local, devido a chegada da peste, que uniu, pela primeria vez,  quatro personagens importantes da história da saúde pública brasileira: Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Vital Brasil e Emílio Ribas.


O antigo Hospital de Isolamento, feito em 1892"
fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0353i.htm
disponível em 22/04/2012

Conforme postagens anteriores o estado de São Paulo dependia do desenvolvimento do café, a província ainda se adaptada à  substituição da mão de obra escrava pelo imigrante, se recuperava das epidemias de cólera e febre amarela,  tentava controlar os casos crescentes de tuberculose entre a população pobre, trabalhava para conter o avanço da malária e lutava para vacinar um maior número de pessoas contra as epidemias da varíola. Com tantos problemas a enfrentar, tudo o que o governo não queria era a chegada da peste no Brasil.



Viela existente em Santos até 1905, chamada Beco 24 de Maio.
 Este local foi arrasado e alargado, formando uma galeria
que comunica a Rua Santo Antonio com a 24 de Maio"Foto publicada com esta legenda no livro A Campanha Sanitária.
fonte:http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0353g.htm
disponível em 23/04/2012..


Em meados de 1899 as autoridades sanitárias encaminharam ofício urgente ao diretor do Serviço Sanitário, Emílio Ribas, chamando a atenção para a quantidade de ratos mortos encontrados nos armazéns de café no porto de Santos. Em 9 de outubro de 1899 enviaram Vital Brasil para dirigir os trabalhos de investigação.
Vital Brasil, no Hospital de Isolamento, examinou vários ratos apreendidos no porto. Cinco dias depois uma jovem morreu com os sintomas da doença. Ao microscópio, Vital Brasil encontrou o bacilo da peste. Nos quatro dias seguintes, junto com a chegada de Emílio Ribas, entraram mais cinco doentes com a peste.
A cidade estava ameaçada pela doença. Representantes da Associação do Comércio de Santos não aceitavam as notícias, discordando dos vereadores na Câmara Municipal. Decidiu-se então chamar o médico carioca Oswaldo Cruz que confirmou a presença peste.
A terceira grande epidemia de peste bubônica, que se iniciara na China, se espalhara pelo mundo e havia chegado em Santos.
Oswaldo Cruz, Emílio Ribas  e Adolfo Lutz permaneciam na cidade para tentar controlar a epidemia. Circulavam pelos corredores do Hospital de Isolamento examinando os doentes. Vital Brasil  não mais fazia parte deste grupo, encontrava-se   num leito do Hospital  acometido pela peste. Após dias de febre e cuidados especiais de seus colegas, e assim como a febre amarela  que também contraíra anteriormente, reagiu e teve a sorte de evoluir para a cura. O soro antipestoso produzido por Yersin era a única esperança de tratamento, mas apenas a França o produzia e, não dispunha de quantidades suficientes para exportar.
O soro francês não poderia ser importado,  assim era preciso construir laboratórios no Brasil para a produção interna.
 Em São Paulo, o governo comprou a Fazenda Butantan para nela instalar os laboratórios produtores de soro antipestoso. Recuperado da peste, Vital Brasil foi designado responsável pela direção do instituto que fabricaria o soro. Ela percorria 9 km de estradas lamacentas que o conduziam a fazenda, na qual se manipulava bacilos causadores da terrível doença. No Rio de Janeiro o governo criou o Instituto de Manguinhos atualmente Instituto Oswaldo Cruz. Assim, em razão da peste, nasceram dois locais que seriam marcos da produção científica de uma época de ouro para a pesquisa brasileira.


Instalações da fazenda desapropriada onde tiveram início as atividades do Instituto Soroterápico Federal que mais tarde se transformaria no Instituto Oswaldo Cruz
fonte:http://www.fiocruz.br
disponível em 23/04/2012


Primorosa obra em estilo eclético e ornamentado ricamente segundo a tradição árabe, o Castelo Mourisco começou a ser construído em 1905
disponível em 23/04/2012


Um recanto de Manguinhos, com as saudades do Oswaldo
[Postal enviado por Oswaldo Cruz a Vital Brazil em 15-VIII-1904
fonte: http://www.fapesp.br/4919.html
disponível em 23/04/2012.

Em 15 de janeiro de 1900, apesar das poucas mortes, desembarcou em Santos, quantidades suficientes de soro antipestoso para controlar a epidemia no Brasil.
A doença continuou no Rio de Janeiro e nos portos da Argentina . Da América do Sul chegou na cidade de Cabo na África do Sul. A peste fechava-se assim a volta ao redor do planeta.