Monumento aos descobrimentos portugues: rio Tejo Lisboa |
NOVOS MUNDOS, NOVAS DOENÇAS:
O reino de Portugal foi um dos pioneiros na expansão ultramarinha. O início das grandes navegações portuguesas ocorreu com Dom Dinis. O monarca desenvolveu a marinha mercadante; reformou os estaleiros que se destinavam a restaurações, transformando-os em estaleiros de construção naval. Em 1290, fundou a Universidade de Lisboa, com a escola de "marinha".
O reino de Portugal foi um dos pioneiros na expansão ultramarinha. O início das grandes navegações portuguesas ocorreu com Dom Dinis. O monarca desenvolveu a marinha mercadante; reformou os estaleiros que se destinavam a restaurações, transformando-os em estaleiros de construção naval. Em 1290, fundou a Universidade de Lisboa, com a escola de "marinha".
Portugal lançou-se em mar aberto ao longo do século XIV. A bússula originária da China, começava a ser utilizada que dirigia suas embarações ao sul do planeta e as descobertas de diferentes tipos de ventos orientavam as embarcações criando as cartas náuticas para os navegantes.
Portugal estabeleceu relação comercial com o norte da África de onde provinha ouro.
Assim começou a estabelecer-se uma grande infra-estrutura de navegação com base científica, cuja finalidade era contornar a costa ocidental da África e chegar a grandes rios que levariam a descoberta de ouro. Elaborou-se assim a construção de embarcações e aprimorá-las de acordo com o progresso das descobertas, elaborar cartografias e desenvolver cartas celestes de navegação para o hemisfério sul. Começaram a migrar, para o país, banqueiros, engenheiros navais, matemáticos, astrólogos, geógrafos, astrônomos, especialistas em construção naval e cartógrafos da Espanha, Itália e Alemanha.
À medida que as grandes navegações cobriam distâncias maiores, surgiam problemas para a manutenção da viagem. A alimentação era fundamental para a grarantia da tripulação. Diariamente, fornecia-se para cada tripulante uma quantidade fixa de vinho e biscoito, alimentação básica, mas podia ser também manteiga, azeite, açúcar e vinagre. A carne era muitas vezes transportada viva no convés; ovelhas porcos, cabras eaves, que eram abatidas de acordo com a necessidade.
Frequentemente, a calmaria dos ventos fazia com que a viagem se estendesse mais que o esperado e a escassesz de alimentos causava a fome. Proliferavam ratos e baratas nos porões, disputando os alimentos armazenados, e estes se deterioravam nos locais quentes e úmidos em que eram guardados, biscoitos emboloravam e a água estagnada nos tonéis se contaminava com bactérias, ocasionando diarréias.
Apesar das doenças infecciosas, o maior temor, e também o maior problema diante das grandes distâncias, era a carência de vitamina C na dieta, que causava o mal das gengivas, hoje denominado escorbuto, descrito na viagem de Vasco da Gama à India em 1498. De acordo com as descrições, ocorria o crescimento das gengivas com apodrecimento e odor fétido, sendo necessário cortá-las pra que nao cobrissem os dentes, além do inchaço nos pés.
O escorbuto é causado pela falta de vitamina C.,esta doença era muito comum nos pescadores. |
O retorno muitas vezes era incerto, registrando alta mortalidade nas viagens pela quantidade de doenças, infecções, naufágios, guerras e combates. Os marinheiros dormiam espalhados pelo convês, expondo-se ao frio e às chuvas, o que aumentava a incidência de infecções pulmonares. Muitas vezes, no regresso havia menos que a metade da tripulação original.
Mais importantes que as infecçõesa a bordo das embacações foi a propagação de doenças infecciosas desconhecidas entre novos povos, no início os da Àfrica.
A SÍFILIS CHEGA A EUROPA
Por volta de 1493, com a descoberta da América Central, foram grandes as trocas de agentes infeciosos, entre a América e a Europa, depois foram incluídos agentes originários da África. Dentre estes mereçe destaque a Sífilis. Supõe-se que a sífilis, partiu da América para a Europa, em troca de outros agentes que foram enviados para a América, como causadores da varíola, peste, sarampo, tifo e gripe.
Apesar de ainda existirem dúvidas sobre a origem da sífilis, a arqueologia reforça esta teoria.. A sífilis causa acometimento ósseo, levando a deformação que podem ser avaliadas no esqueleto. Quando se estudam esqueletos europeus raramente se encontram lesões compatíveis com a sífilis antes do descobrimento da América. Por outro lado, esqueletos de índios americanos anteriores á presença dos europeus na América revelam uma ampla coletânia de achados.
As vésperas da chegada da doença na Europa, existia no continente promiscuidade sexual por parte da população masculina . Eram comum receber viajantes, garotos jovens recém-chegados. Em Roma existiam, na chegada da sífilis, mais de seis mil prostitutas, em Veneza, no início do séuclo XVI mais de 11 mil. A doença entrava pelas cidades portuárias da Espanha, França e Itália, espalhava-se pelos prostíbulos e daí, por mercadores e comerciantes.
Gravura de sifilítico atribuída a Albrecht Dürer (1471-1528) |
Em 1494, deu-se início de uma era de guerra entre espanhóis e franceses pelo domínio de territórios italianos quando o exército frnacês marchou para conquistar Nápoles. Nápoles era a cidade mais populosa da Europa, com 150 mil habitantes, superando outras potências mercantis como Veneza com 100 mil habitantes, Lisboa com 50 mil. Recebia comerciantes e viajantes de todo mundo.
O exército frances com trinta mil mercenários dominou Nápoles. os combatentes comemoraram a vitória em prostíbulos da cidade durante dias, sem saber da presença desse novo habitante europeu, a sífilis.
O grande exército da França, era formado por combatentes mercernárioss da Espanha, França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Polônia e Hungria, entre outras nações. Com o retorno da cada combatente, para sua terra de origem, a sífilis disseminou-se pela Europa. Em 1495, estava na Alemanha, na França, e na Suíça, em 1496, já se manisfestava na Holanda e na Grécia, em 1497, na Inglaterra e na Escócia, e finalmente em 1499 chegou a Hungria, Polônia e Rússia.
Logo se evidenciou a ligação entre a nova doença e os prostíbulos. Ter a sífilis era sinal de mau comportamento, de relações sexuais pecadoras. Os doentes nem sequer podiam esconder as manchas na pele que ela causava, e já por isso se viam denunciados.
A sífilis influenciou a perseguição aos prostíbulos nas décadas seguintes. Entretanto, essa perseguição se deveu principalmente à Reforma Protestante desencaeada por Lutero no início do século XVI e a sífilis foi empregada como pretexto interpretada como uma forma de castigo divino à imoralidade que dominava o mundo. Lutero pregava uma reforma moral, pela purificação, defendendo o sexo para finalidade de procriação e não pelo prazer, atacando a prostituição.
A igreja católica se encontrava num período conturbado em relação ás atividades imorais dos seus membros. Era cada vez mais comum que os membros do clero mantivessem relações sexuais e também relacionamentos com amantes.
Em algumas cidades da Inglaterra impuseram-se castigos às prostitutas e seus rostos foram marcados com ferro quente. Na França, em certas regiões, cortavam-se suas orelhas. Na cidade de Gaillac, além da expulsão, foram relatados o espancamento e a imersão no rio como forma de castigo.
Foi assim que a sífilis, castigo de Deus aplicado por causa da imoralidade reinante na Europa, associada a intenção de moralização que a Reforma e a Contra-Reforma pretendiam, desencadeou a perseguição às prostitutas do século XVI. No século seguinte, ocorreu uma regressão dos casos, provavelmente essas perseguições e moralização sexual contribuíram para o controle da sífilis.
NA AMÉRICA ESPANHOLA:
Em sua segunda expedição rumo à colonização da América, os espanhóis partiram com as embarcações carregadas de gatos, cachorros, pocos, galinhas e também plantas da ilhas Canárias, e principalmente viajantes microscópicos que causaram uma epidemia e uma mortalidade considerável a bordo. Chegando à sua base de colonziação no Caribe, a ilha Hispaniola, a tripulação doente desenmbarcou em terras americanas e a epidemia disseminou-se pelos nativos. Atribui-se a doença ao vírus da gripe, o influenza, dados os sintomas de prostração e febre, mas acredita-se que pode ter ocorrido uma associação com outras doenças, como tifo e disenteria.
Na viagem , Colombo transportava sete índios que levara à Espanha para mostrar aos reis católicos. Cinco deles morreram no trajeto vitimados pela epidemia, do que se deduz que a mortalidade entre os habitantes da ilha Hispaniola acometidos pela doeça não foi insignificante. Dos espanhóis levados para a colonização mais da metade morreram, sendo incalculável o número de nativos que pereceram. A primeira cidade espanhola na América, Isabela, fundada em 1494, ficou deserta e desabitada pela mortandade.
Chegavam às ilhas caribenhas verdadeiras embarcações de epidemia. Nicolas de Ovando, transportou 2.500 colonos, em 1502, para a ilha Hispaniola. Logo na chegada, cansados e vivendo em situação de fome, muitos adoeceram e assim, morreram cerca de mil espanhóis, o que forçou a fundação do primeiro hospital na América em 1503.
Essa mortalidade não foi nada quando comparada a dos nativos. Segundo relatos do Frei Bartolomé de Las Casas, nos oito anos seguintes à chegada dos esapnhóis ao Caribe, morreiam nove em cada dez índios, alastrando -se doença nas ilhas de Porto Rico, Jamaica e Cuba.
No início do século XVI, as cidades da Península Ibérica prosperavam com a economia fortalecida pelas novas terras e rotas descobertas. Às cidades espanholas chegavam os metais preciosos procedentes da América, enquanto às cidades portuguesas eram levadas caríssimas especiarias das Índias através da rota sul africana. As cidades ibéricas tornaram-se o principal centro econômico, europeu e tomaram o lugar das cidades italianas de Gênova e Veneza.
Nas cidades ibéricas crescia o número de casas, habitantes e ruas, assim como consequência, a pobreza e a miséria. Dirigia-se a elas um grande fluxo de imigrantes, mercadores e estrangeiros que colocavam as cidades sempre sob o risco da peste, que poderia chegar a qualquer momento.
Foi 1507 o ano da grande peste. A epidemia se alastrou por todos os centros ibéricos. Em Lisboa, a peste permanceu de 1505 a 1507, e disseminou-se pelas cidades espanholas; Sevilha perdeu 28 mil habitantes, Barcelona 3.500 Madri 3.000.
Era previsível que as epidemias daquela década atingissem a América espanhola, em razão do trânsito marítimo.
Em 1514, chegou a ilha Hispaniola a expedição de Pedro Arias de Ávila com 17 embarcações e 1.500 homens recrutados em Sevilha. Esta nova remessa de agentes infecciosos foi responsável pela morte de dois terços da população indígena local. A doença descrita como modorra, pode ter sido causada pelo vírus da gripo , o influenza;
Enquanto as embarcações espanholas circulavam pelas ilhas do Caribe, os astecas - povo indígena que habitava o planalto central do México, não imaginavam o futuro desastroso que os aguardava. Sua capital, Tenochtitlán, fundada no séucol XIV, era uma das cidades mais populosas do mundo, com milhares de habitantes. Construída acima de uma lago, era abastecida diariamene por centenas de barcos. o centro era formado por edificações cerimoniais aglomeradas ao redor de santuário Templo maior, com construções ornamentadas com pedras preciosas. Apesar de o império ter grnade extensção territorial, nunca houve dados que documentassem seu contato com os incas, no Peru. A união desses imperios se daria por sua conquista pelos espanhóis, que primeiro acabariam com a tranquilidade da capital asteca.
Em 1518, partira para o continente mexiano a expedição de Hernán Cortez com o objetivo de explorar terras e conquistar territórios indígenas ricos em ouro e prata. Cortez chegou ao litoral mexicano e iniciou sua exploração a partir do interior, percorrendo as cidades indígenas até chegar a Tenochtitlán. Seu exército deparou-se com uma população altamente organizada, até então não vista no Novo Mundo. A cidade era cerca de quatro vezes maior que os principais centros europeus, como Sevilha e Gênova. Possuía casas de pedra bem construídas, oragnizadas, e sistema de abastecimento de água por aqueodutos.
Na chegada de Cotez e seu exército a Tenochtittlán, a população e o Rei Montezuma os acolheram cordialmente como amigos. Cortez foi alojado no palácio e passou a receber presentes e a visitar a cidade. Mas a relação cordial foi efêmera. Cortez acusou Montezuma dos ataques que os espanhóis haviam sofrido no continente e o aprisionou, interferindo na administração local. Essa situação permaneceu por cerca de seis meses, com o rei cativeiro e os espanhóis a procura de metais preciosos. Os invasores foram finalmente expulsos depois de terem ultrajado do deuses astecas. E foram massacrados em sua fuga noturna para as cidades vizinhas, o que reduziu o exército espanhol a apenas centenas de soldados e dezenas de cavalos. Enquanto Cortez preparava novo exército para outro ataque à capital asteca, certos acontecimentos nas ilhas de Caribe o ajudaram neste propósito.
Montezuma II: |
O número de europeus que chegavam ás ilhas aumentava a cada ano. Em 1510, o rei da Espanha, Ferdinando I, oficializava o emprego de escravos negros nas minas espanholas. Agora, além de estarem em contato com os europeus, os índios conviveriam também com os africanos.
Em 1518, uma nova doença européia chega é ilha Hispaniola: a varíola. Desembarcou nos portos, atingiu uma grande partte da população indígena susceptível, mas poupou os espanhóis, provavelmente por estes já terem tido contato prévio com ela e estarem imunizados.
A doença alastrou-se nas ilhas de Porto Rico e, posteriormente, em cuba, com a morte de um terço à metade dos índios. Estava em curso a primeira pandemia de varíola na América.
Ao segundo ataque comandado por Cortez ao império Asteca, ele não sabia, mas levava consigo uma importante aliada a varíola. Não é possível calcular quantos indígenas morreram , dada a falta de registros, mas sabe-se que na entrada da cidade rendida jazia um grande número de corpos, esaplhados pelas ruas e boiando no lago - vários em estado avançado de decomposição. Após a derrota do Império Asteca, a epidemia de varíola alastrou-se nos Estados Unidos, ao norte, e na América do Sul..
O exército espanhol, mesmo possuindo cavalos e espadas era pequeno em número de soldados, para vencer os índios. A varíola foi fator importante na década de 1530 para essa vitória, depois veio o sarampo e seus efeitos nos nativos. No inicio, exterminou dois terços dos nativos restantes de Cuba e cerca da metad dos de onduras antes de continuar avançando pelo continente.
Até a década de 1530, já haviam entrado na América a varíola, o sarampo e o influenza. As frequentes epidemias e pandemias que os indígenas sofream, somadas às perseguições e aos massacres impostos pelos espanhóis, quase os levaram à extinção no séuclo XVI. Estima-se que essa população foi dizimada em 90%, permanecendo vivo um décimo do total de índios que existiam na América quando Colombo chegou. Na ilha Hispaniola, de um milhão de nativos, calcula-se que havia apenas quinhentos em 1548, no México, ocorreu uma redução de 25 a 30 milhões de índios, existentes à chegada de Colombo, para cerca de três milhões em 1568, com a varíola matando mais de 70% deles, nos Andes, onde viviam cerca de oito milhões de incas, avalia-se que havia anpenas um milhão em 1553.
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