segunda-feira, 16 de abril de 2012

ENQUANTO ISSO NO BRASIL....

A EUROPA ESTUDA E PREVINE AS EPIDEMIAS, O BRASIL RECEBE AS EPIDEMIAS.

No século XIX, enquanto na Europa, grandes nomes discutiam como prevenir ou acabar com as epidemias, o Brasil preparava o terreno para recebê-las.
Em 1808, a corte portuguesa, com seus 10 mil a 15 mil integrantes, chegava no Rio de Janeiro,escoltada pela Inglaterra,  fugindo das tropas de Napoleão.
Com a chegada da corte, e o aquecimento dos negócios da colônia, o tráfico aumentou de forma exponensial: o número de escravos desembarcados  no Rio saltou de 9689 em 1807 para 23230 em 1811. A média anual de navios negreiros atracados no porto também aumentou: de 21 no período anterior a 1805 para 51 depois de 1809. Os navios negreiros despejaram no principal mercado negreiro do Valongo, por ano, cerca de 18.000 a 22.000 negros, entre homens, mulheres e crianças.

Mercado do Valongo - 
Jean Baptiste Debret

Entre os séuclos XVI e XIX, cerca de 3,6  milhões a 4 milhões de escravos africanos entraram no Brasil, o maior importador das Américas. .
A cidade transformou-se no coração do Império, centro político e econômico. Tornou-se escala obrigatória de embarcações e líder mundial na produção de café em 1835.

A colheita de café por Candido Portinari
Inglaterra, em franco desenvolvimento industrial, com o interesse em aumentar seu mercado consumidor, fazia grande pressão no sentido de proibir o tráfico negreiro, o que foi oficializado em 1831.
É aprovada na Inglaterra a lei conhecida como Bill Aberdeen, que dava direito a Marinha de Guerra britânica prender navios negreiros no Atlântico e julgar seus tripulantes. Mas para o Brasil tal era muito difícil privar o Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, do ingresso de escravos.
Em função da ilegalidade do tráfico, as condições dos escravos ficaram muito piores que antes. Navios não apropriados eram utilizados para burlar o patrulhamento britânico na costa brasileira. Eram navios menores e com carga máxima. Em terra os cativos permaneciam em mercados clandestinos, nus, para o comércio.  Não existiam medidas sanitárias e, consequentemente, houve aumento das epidemias na cidade, disseminadas pelos negros que eram descarregados no litoral da província, clandestinamente.

FONTE: http://marconegro.blogspot.com.br/
Entre 1831 e 1855 entraram cerca de setecentos mil negros, e com eles as epidemias.
O Rio de Janeiro, entre 1821 e 1849,  tornou-se uma verdadeira cidade africana: dos 266 mil habitantes, 110 mil eram escravos. Para cada 3 brancos existia um escravo. Em toda história da humanidade somente a Republica de Roma no século I a.C., dispôs de tantos escravos: três escravos para cada cinco homens livres. A cólera e a febre amarela eram ameaças reais que não tardariam a chegar.
Não havia sistema de esgoto. Os escravos levavam os dejetos humanos em recipientes  para as praias. Aqueles moradores que não dispunham de escravos, jogavam estes dejetos nas ruas, durante a noite, pelas janelas.
Os escravos eram proibidos de usar calçados, mantendo contato direto com os dejetos humanos.  No verão, com as chuvas, começavam as doenças febris e as famílias mais abastadas passavam férias em cidades mais afastadas como Petrópolis.


FEBRE AMARELA AJUDOU NA PROIBIÇÃO DO TRÁFICO NEGREIRO

No final de 1849, aconteceu o inevitável; a chegada da febre amarela ao Brasil. No Rio de Janeiro e na Bahia, já fervilhava o mosquito transmissor o famoso Aedes aegypti. Faltava apenas a chegada do vírus, abundante no Caribe.
Um embarcação procedente da cidade de Nova Orleans, fez o escala em Salvador e no Rio de Janeiro, onde desembarcaram doentes com febre amarela. Esse foi o provável encontro do vírus com os mosquitos já existentes na cidade, do qual resultaram os primeiros casos da doença.
Com a chegada do verão de 1850, a cidade do Rio de Janeiro viveu uma epidemia da doença em consequência da proliferação dos mosquitos. Aproximadamente um terço da população foi acometida. Apesar de o número oficial de óbitos ser 4.160, acredita-se que tenha sido maior, atingindo a casa de dez mil a 15 mil, pois no início o governo proibiu a notificação, temendo o pânico na população, além das mortes que ocorreram em casa. A doença permaneceu endêmica e eclodia a cada época de chuvas, aumentado cada vez mais.
Em até 1890 morriam cerca de  mil pessoas a cada verão no Rio de Janeiro.
Comissões eram formadas por profissionais da área para estudarem as prováveis causas das epidemias. Mas estas ainda estavam muito presas a teoria dos miasmas, e também ainda mais ultrapassada, a teoria religiosa de que tudo era castigo divino pelas imoralidades que reinavam no Império.
Os médico brasileiros levantaram a tese da importação de "venenos" por meio dos navios negreiros, estabelecendo um vínculo direto do tráfico com a epidemia.
Discutia-se então a teoria de que as condições insalubres dos escravos nos "tumbeiros" propiciava o aparecimento do "veneno", que por sua vez, ocasionava a febre amarela. E o fato dos negros serem menos acometidos por já estarem "acostumados" com a doença. O que é verdadeiro se pensarmos em "veneno" como o agente causal e em "acostumados" como a aquisição de imunidade.
O ano de 1850 marcou o fim definitivo do tráfico de negros clandestinos africanos.
Com o crescimento das exportações de café, em pouco tempo, esse número de escravos não seria mais suficiente. Estavam abertas as portas para a política de imigração de estrangeiros para a cafeicultura...


A FEBRE AMARELA AGORA ACOMETE A  IMIGRAÇÃO

Com a fim do tráfico negreiro, os cafeicultores precisavam de mão de obra barata, independente da raça, para as fazendas de café. Por outro lado a burocracia intelectualizada queria, com a imigração, "embranquecer a raça". Para isto era necessário a imigração de uma raça específica, a européia.

  • Na pintura, há uma negra com as mãos para o céu, agradecendo o fato de seu neto ter nascido branco, visto ser fruto da relação de um homem branco com uma mulher mestiça.
    O artista soube captar perfeitamente o desejo elitista de embranquecimento da população. 

Após a saturação da plantação de café no Rio de Janeiro, o cultivo se voltou para o interior paulista.
Iniciou o desenvolvimento de São Paulo com as plantações de café e a construção das ferrovias, o lucro era empregado na urbanização e industrialização do estado. Era necessário, cada vez mais, a mão de obra dos imigrantes. Estes tinham suas passagens de navio subsidiadas, assim como alojamento e o transporte até as fazendas de café.
Eram construídas hospedarias para abrigar o número crescente de europeus provenientes do porto de Santos, onde aguardavam até serem encaminhados para o interior de São Paulo. A maior hospedaria  foi construída no Bairro do Brás e abrigava quatro mil pessoas.




Ao desembarcar no porto de Santos, os imigrantes eram encaminhados para a Hospedaria de Imigrantes, no Brás. É o caso desse grupo de portugueses, que chegarma ao Brasil em 1938. Daí eram enviados para seu destino nas fazendas de café do interior do estado. Hoje o prédio abriga o Museu do Imigrante. (Memorial do Imigrante)
fonte: http://www.aticaeducacional.com.br


Em 1887 entrou no Brasil cerca de 32 mil europeus, e 92 mil em 1888. Em 1900, no auge das exportações de café, o número de imigrantes já seria de um milhão.
Um dos principais  fatores desfavoráveis à política de imigração eram as doenças infecciosas no Brasil, principalmente a febre amarela.
Os imigrantes chegavam ao porto de Santos, se aglomeravam em hospedarias que abrigava, muitas vezes mais do que o dobro da sua capacidade, e  aguardavam transporte para o interior de São Paulo. Ficavam então sujeitos a contrair febre amarela, pois, como esta doença era rara na Europa, não tinham imunidade e acabavam morrendo em terras brasileiras.
A febre amarela era um terror tanto para os imigrantes quanto para os fazendeiros. Entre 1895 e 1897, foi a doença que mais matou, responsável por 36% do óbitos.
Além das condições insalubres nas hospedarias, um outro grande problema enfrentado por essas pessoas foram as  más condições a que os cafeicultores, acostumados ao trato com escravos, as submetiam. Elas não contavam com sistema de saúde adequado, ficavam em alojamentos precários nas fazendas, sua jornadas de trabalho eram longas, a alimentação deixava a desejar.
Em 1902, a Itália proibia a população de emigrar para o Brasil. Em 1908 foi a vez da Espanha. Os cafeicultores paulistas forçaram a República a liberar a imigração de outras raças consideradas muito diferentes da nossa, e assim foi permitida a entrada de japoneses em 1908.


 O INÍCIO DOS CORTIÇOS

Na década de 1850, proliferavam os cortiços nas grandes cidades do Império, principalmente no Rio de Janeiro, como forma de habitação das classes de renda baixa. Os cortiços eram galpões de madeira subidivididos internamente e alugados por seus proprietários, geralmente um português dono de armazém próximo ou até um membro da aristocracia. Quanto mais ocorriam alforrias de escravos e quanto mais imigrantes pobres chegavam, mais os cortiços se expandiam, por abrigar uma população sem condições de pagar os aluguéis elevados. Esta situação  atraía as doenças infecciosas e as crianças eram as principais vítimas. Nesses aglomerados reinava a tuberculose, difteria e escarlatina.
Em 1889 a tuberculose passou a ser a principal causa de morte das pessoas pobres. Como não acometia os imigrantes, não era combatida com tanta ênfase quanto a febre amarela.
De certa forma os cortiços contribuíram para a eclosão da tuberculose nos principais centros.
A tuberculose, difteria e escarlatina acometiam a população empobrecida dos cortiços e não traziam maiores consequências à política de imigração, ao contrário da a febre amarela, que acarretava problemas.
A febre amarela atrapalhava muito a política de imigração, chegando a ameaçar a produção da maior fonte de renda do Império, o café. Com isso, iniciou-se seu combate. As outras epidemias que acometiam a população pobre, contudo ficavam em segundo plano.
Com a criação da Junta Central de Higiene, e a teoria dos miasmas, ainda muito forte, iniciou-se a perseguição dos cortiços, sujos e com grande aglomeração populacional.
Iniciava-se a proibição à construção de cortiços sem a aprovação do Governo, assim como a fiscalização de latrinas, manutenção de limpeza e recolhimento dos excremento, a perseguição aos cortiços e a expulsão dos seus moradores da cidade e com eles a classe mais pobre. Essas medidas se confundem, tendo um caracter mais social do que sanitário, beneficiando mais a política de "embranquecimento da cidade", do que erradicando as doenças.
Uma drástica medida  foi em 1893, quando a presença de tropas no maior cortiço do pais, o Cabeça de Porco, onde abrigava cerca de quatro mil pessoas, foram obrigadas a deixar o lugar, carregando seus pertences. Muitos dos que foram desalojados construíram moradias ao pé dos morros e, sem mais lugar, começaram a subida que terminaria compondo as favelas atuais da cidade do Rio de Janeiro.


Entrada principal do Cortiço Cabeça de Porco.Con D''Eu, marido da Princesa Isabel, era o dono do Cabeça de Porco.
fonte: http://sul21.com.br/jornal/2012/02/lembrando-o-cabeca-de-porco-em-tempos-de-pinheirinho/



"Era dia 26 de janeiro de 1893, por volta das seis horas da tarde, quando muita gente começou a se aglomerar diante da estalagem da rua barão de São Félix, nº 154. Tratava-se da entrada principal do Cabeça de Porco, o mais célebre cortiço carioca do período: um grande portal, em arcada, ornamentado com a figura de uma cabeça de porco, tinha atrás de si um corredor central e duas longas alas com mais de uma centena de casinhas. Três dias antes os proprietários do cortiço haviam recebido uma intimação da Intendência Municipal para que providenciassem o despejo dos moradores, seguido da demolição imediata de todas as casinhas. A intimação não fora obedecida, e o prefeito Barata Ribeiro prometia dar cabo do cortiço à força. Às sete horas e trinta minutos da noite, uma tropa do primeiro batalhão de infantaria, comandada pelo tenente Santiago, invadiu a estalagem, proibindo o ingresso e a saída de qualquer pessoa 
Diante de tamanho aparato repressivo, todavia, não parece ter havido nenhuma resistência mais séria por parte dos moradores à ocupação da estalagem. Os trabalhadores começavam a destelhar as casas quando saíram de algumas delas crianças e mulheres carregando móveis e colchões e tudo o mais que conseguiam retirar a tempo. Terminada a demolição da ala esquerda, os trabalhadores passaram a se ocupar da ala direita, em cujas casinhas ainda havia sabidamente moradores. Várias famílias se recusavam a sair, se retirando quando os escombros começavam a chover sobre suas cabeças. Mulheres e homens que saíam dos quartos ‘estreitos e infectos’ iam às autoridades implorar que ‘os deixassem permanecer ali por mais 24 horas’. Os apelos foram inúteis, e os moradores se empenharam então em salvar suas camas, cadeiras e outros objetos de uso. Os trabalhos de demolição prosseguiram pela madrugada, sempre acompanhados pelo prefeito Barata. Na manhã seguinte, já não mais existia a célebre estalagem Cabeça de Porco."

CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Companhia das letras, 1996.



A CÓLERA CHEGA AO BRASIL

Enquando os habitantes do Rio de Janeiro ainda padecem com a febre amarela, a Europa vivia o auge da epidemia de cólera. De lá chegou ao Brasil em 1855, onde se espalhou pelo litoral. Agora os médicos seriam obrigados a tratar de mais uma nova doença.
Na Bahia,  com a população vivendo em condições muito precárias, morriam cerca de oito a dez por dia. Se a febre amarela acometia prinicipalmente os imigrantes e brancos a cólera não poupava os negros. A população mais carente, que vivia em precárias condições, era a mais atingida.
A Bahia perdeu cerca de 3,6% de sua população: 50% negros, 35% mulatos e 15% brancos. Pereceram grande número de lalvadeiras que trabalhavam nos riachos contaminados, lidando com roupas que continham dejetos humanos.
O Nordeste foi castigado; Paraíba perdeu 10% da população, Salvador 18%, Belém 4% e Pernambuco  cerca de 37 mil habitantes. A cidade do Rio de Janeiro enterrou 4.800 vítimas, metade delas, escravos.
Já que a medicina não podia explicar os fatos somente com a teoria dos miasmas, a Igreja encontrou terreno fértil, para explicar as doenças como castigo de Deus ao povo brasileiro, pelos pecados cometidos.
As pessoas passaram a frequentar mais a Igreja, os jornais anunciavam procissões e cortejos.
Esta grande epidemia de cólera mudou o hábito de enterrar os mortos em Igrejas. Interrava-se os mortos em Igrejas, para que estes ficassem mais perto dos vivos e das orações por sua alma..
Baseada na teoria dos miasmas, tal prática começou a receber críticas da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, na década de 1830. A decomposição do cadáver, poderia emanar substâncias miasmáticas  para a população. Era comum o corpo sepultado não estar devidamente vedado espalhando odores da decomposição. Os mortos portanto, deveriam ser enterrados em lugares distantes do núcleo urbano, para evitar os miasmas e à profundidade máxima. Estas medidas criaram revoltas principalmente na Bahia, opuseram-se a estas medidas as irmandades religiosas, os frades e a população que viu sua crença religiosa ameaçada, temendo ser sepultada longo do local em que foi batizada Este movimento ficou conhecido como Cemiterada.


Enterro de uma negra - (Pintura de Debret)
Os enterros eram feitos nas igrejas pois as pessoas acreditavam que morrer em terra firme e ocupar um túmulo em lugar sagrado representava o verdadeiro “descanso em paz”. A igreja era vista como um pedaço do céu na Terra. Ocupar uma cova no interior de um espaço sagrado era uma forma de manter os mortos em contato com o mundo dos vivos, sendo sempre lembrados pelos freqüentadores das igrejas em suas orações.  Os locais dos túmulos eram devidamente escolhidos de acordo com o poder aquisitivo do morto, aqueles que tinha dinheiro para serem enterrados próximo do altar significava estar mais próximo de Deus.
fonte: http://ferreiragomes.wordpress.com/ disponível em 17/04/2012










quinta-feira, 12 de abril de 2012

MAIS MUNDOS NOVOS E MAIS NOVAS EPIDEMIAS....


MAIS CONSEQUENCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Uma vez consolidada a industrialização da Europa, os países necessitavam de mercado consumidor e, fundamentalmente, de matéria-prima. Esta era adquirida com a conquista de colônias fornecedoras, e daí iniciou a disputa de territórios, principalmente pelos Sudeste Asiático e África.
O litoral ocidental da África já era explorado e colonizado pelos portugueses desde o século XV, enquanto que o lado oriental do continente até a ilha de Madagascar era dominado pelos árabes. Abaixo destes pontos não se atreviam, temendo lendas de forças magnéticas que atraíam as embarcações para o fundo do mar. O interior africano,com suas florestas tropicais abrigando doenças infecciosas principalmente a malária, era ainda inexplorado, permanecendo com sua mata virgem e uma população livre do contato com agentes infecciosos estranhos.
França, Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, e Portugal já haviam dominado quase todos os territórios acessíveis da África. Bélgica também manifestou interesse em adquirir uma colônia para exploração. Leopoldo II, rei da Bélgica, não queria entrar em conflito com as nações européias, e com o pretexto de humanizar, evangelizar, alfabetizar,  acabar com a fome e principalmente combater a escravidão árabe, pleiteou o território neutro do Congo.


fonte: http://historiapublica.blogspot.com.b/
 

Após conseguir o apoio dos Estados Unidos, o rei da Bélgica partiu para ganhar a adesão das nações européias e foi bem sucedido. Em 1885, foi realizada a conferência de Berlim, em que as nações definiram as regras da colonização africana, ou melhor da "partilha africana". Nesta conferência a região do Congo foi denominada Estado Livre do Congo e foi considerada "independente", sob responsabilidade da Bélgica em "humanizá-la".


O LADO POSITIVO E NEGATIVO DA DESCOBERTA DO LÁTEX

Cabe aqui abrir um espaço sobre a descoberta do látex:
O látex foi descoberto no final do século XV nas Américas. Em 1823, Charles Macintosh desenvolveu, na Inglaterra, o processo de utilização em grande escala desta substância que aplicada a tecido, os tornava impermeáveis; criou-se assim as capas de chuva. Depois Charles Goodyear desenvolveu um método denominado vulcanização, que consistia em adicionar enxofre a borracha quente. Assim a borracha se tornava mais maleável, o que melhorou a qualidade de botas, por exemplo. As portas da indústria automobilísticas também foram abertas com a invenção das tiras pneumáticas. O novo produto desencadeou a industrialização maciça de objetos como pneus, mangueiras, tubos e materiais de vedação, associada a proliferação de fios de telégrafos, telefone e eletricidade, que precisavam de  materiais isolantes. A exploração do látex, ultrapassou seus limites e o preço disparou no mercado mundial. Para  felicidade do rei Leopoldo, pois o Congo, sua nova colônia, era rica em látex.


O EXTERMÍNIO DOS HABITANTES DO CONGO

Esposas e crianças, mantidas como reféns, eram colocadas em cativeiro sem condições de higiene e com pouca alimentação. Os chefes de família eram obrigados a penetrar nas matas da floresta tropical para apanhar látex. Para conseguirem a quantidade exigida, passavam até 1 mês na mata. À medida que o látex se esgotava, era necessário penetrar cada vez mais no interior da floresta. Os que não conseguiam a cota mínima tinham a mão direita decepada ou até mesmo eram mortos.
Os habitante do Congo levavam um vida de auto-subsistência. Os habitantes das aldeias tinham um calendário de trabalho que obedecia às exigências da natureza como a passagem das estações secas, chuvosas, quentes e úmidas durante as quais elas executavam seqüencialmente uma série de atividades: plantação das roças, colheitas, caça, pesca, construção das habitações, resolução dos conflitos, atividades culturais ou ritos religiosos, etc.
Quando o Congo passou a ser de domínio belga a vida tornou-se mais difícil para eles, porque foram obrigados mudar seu ritmo de trabalho para cumprir as obrigações de um colonizador.
Neste contexto: muitos familiares desnutridos, chefes ausentes, assassinatos daqueles que não conseguiam a cota mínima de látex, aliados a varíola que atingiu o interior do Congo, trazida pelos europeus, ajudou a disseminar a população.
Em 1897, construía-se a primeira ferrovia do leste africano. A ferrovia transportou o vírus da varíola para o território do Quênia, causando a grande epidemia que matou 40% dos negros doentes. A taxa de mortalidade por essa infecção pode ser comparada com a das comunidades indígenas da América, no século XV.


MAIS UMA NOVA EPIDEMIA:

A doença do sono é causada por um parasita o Tripanossoma, transmitida pela picada da mosca tse-tsé. Esta infecção produz períodos de febre, dores de cabeça e fraqueza intensa. A progressão do quadro inclui letargia e prostração, o que deu origem ao nome "doença do sono", com evolução para a morte.
Este doença sempre existiu ao longo do rio Congo, acometendo povos ribeirinhos de forma endêmica. Mas com a invasão em busca do látex a região sofreu uma grande alteração no equilíbrio ecológico: grandes áreas foram devastadas, aumento do tráfico comercial tanto terrestre quanto fluvial. A disseminação da mosca começou no território do Congo e depois por outras colônias africanas.
devido a "colonização" belga e as epidemias de varíola e da doença do sono.
Estudos estimam que o Congo de 1880 tinha uma população global de 25 milhões de habitantes. Cinquenta anos depois a população total era de apenas 10 milhões.
(fonte: http://www.casadasafricas.org.br/img/upload/327492.pdf  disponível em 20/04/2012).
Podemos concluir que,  10 a 15 milhõese de vidas congoleses foram sacrificadas 

É triste, foge do assunto, mas não posso deixar de colocar...



fonte: http://aprovadog.blogspot.com.br/


 
"Os oficiais europeus exigiam a prova que as balas eram utilizadas para abater os indígenas, e não para caçar ou para preparar um motim. Esta prova, era uma mão cortada ao cadáver. O que explica algumas mãos cortadas dos indígenas vivos, para justificar uma bala que foi utilizada na caça. Leopoldo, acusado, respondia com despeito: “as mãos cortadas, mas isso é idiota! Cortar-lhes ia efectivamente todo o resto, mas não as mãos. É a única coisa da qual tenho necessidade no Congo"

Adam Hochschild, O Fantasma do rei Leopoldo, p. 242-243.

terça-feira, 10 de abril de 2012

ENFIM ENCONTRANDO O CAMINHO CERTO....

TEORIA DOS MIASMAS

Se nos transportarmos ao século XIX e tentarmos pensar como as pessoas desta época, seria muito claro o entendimento de que o ambiente favorecia a transmissão de doenças. Conforme já tratado em postagem anterior, o "mal ar" ser o responsável  pela  malária, daí o nome desta doença. Assim nasceu a teoria dos miasmas.
Pela teoria dos miasmas, locais imundos, contendo  dejetos e lixos orgânicos em decomposição emanavam sustâncias invisíveis, mas nocivas e causadoras das doenças infecciosas e epidemias, impregnando o ar. Portanto, contraía-se a infecção apenas se respirar o ar que continha tais substâncias miasmáticas.  Iniciou-se um projeto de combate rigoroso à imundice das cidades, que incluía medidas para limpeza das ruas, drenagem de alagamentos, suprimento de água limpa e sistema de esgotos.
Hoje entendemos que a teoria dos miasmas estava parcialmente errada. Assim a aquisição de infecções sob a forma de contágio pessoa a pessoa ou através de vetores, ainda disseminaria muitas doenças, e esta teoria não explicaria estes fatos. Seria necessário inúmeras descobertas futuras para o entendimento dos agentes causadores das infecções, os germes. Porém a teoria dos miasmas foi importante no sentido de  melhorar as condições higiênicas da população.


GRANDES NOMES:


Ignaz Philipp Semmelvweis (1818 – 1865).
Médico que nasceu na Hungria e
ironicamente morreu de septicemia aos 47 anos.
 IGNAZ PHILIPP SEMMELWEIS
Os hospitais da época viviam com um grande problema; a febre puerperal.
Hoje sabe-se que, após o parto, o útero em fase de cicatrização, torna-se susceptivel  a infecções bacterianas, motivo pelo qual são realizadas todos os procedimento assépticos de uma cirurgia rotineira. Uma vez tendo acesso ao útero, as bactérias proliferam, causando a infecção, frequentemente disseminando-se pelo organismo e levando a morte.
Em emeados do século XIX, quando ainda não se tinha conhecimento da existência dos microorganismos, os partos começaram a serem realizados nos hospitais, até então ofício dedicado a parteiras e eram feitos sem nenhuma assepsia. A febre puerperal se dava pela utilização de instrumentos e roupas contaminadas pela própria manipulação dos médicos. Uma vez que as parteiras realizavam os partos na própria casa da parturiente, raramente ocorriam a evolução fatal da gravidez.
Em média, a cada 10 partos hospitalares, morria uma paciente de febre puerperal.
Em 1846, o médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis iniciou-se no Hospital Geral de Viena para trabalhar como assistente na maternidade do professor  Johan Klin, uma das maternidades, a outra era do professor Barth.
Num dos seus plantões, Semmelweis surpreendeu-se com o pânico de uma gestante que se recusava a internar-se na maternidade do professor Johan Klin, suplicando para ser transferida para a maternidade do professor Barth. Semmelweis tomou conhecimento de que ir para aquela enfermaria era o caminnho para a morte por febre puerperal.
Em maio do mesmo ano, Semmelweis deparou-se com a assustadora taxa de mortalidade: 96% - relativo às mulheres que haviam se internado na enfermaria, enquanto que a clínica do professor Barth tinha um índice 4 vezes menor. Tais dados levaram a procurar diferenças entre os serviços prestados pela duas enfermarias.


Figura 3: Semmelweis e a queda na mortalidade materna após a lavagem das mãos
fonte:http://www.ccih.med.br/semmelweis.html

A única diferença significativa que Semmelweis encontrou dizia a respeito do profissional que examinava as parturientes; enquanto que na enfermaria de Semmelweis, quem fazia os partos eram os estudantes de medicina e na enfermaria do professor Barth eram as parteiras. Assim Semmelweis afastou os alunos e obteve menores taxas de infecção puerperal, mas não encontrava explicação para estes resultados. Até que um dia um  colega Kolletschaka,  professor de medicina legal, se feriu com bisturi ao realizar uma necropsia. O ferimento progredia, debilitando a saúde do professor, que apresentava os mesmos sintomas da febre puerperal, até morrer. Semmewelis constatou que a causa da morte de seu colega  era a mesma da febre puerperal, e esta foi atribuída ao ferimento usado nos cadáveres.
Finalmente, Semmelweis entendeu que o agente proveniente do material cadavérico quando introduzido no organismo humano causava a doença. Só restava relacionar esta hipótese como os estudantes de medicina:
Antes de iniciarem suas atividades na enfermaria, os alunos dissecavam cadáveres na aula de anatomia. Após a dissecação, eles lavavam as mãos com água, enxugavam-nas em toalhas sujas e seguiam para o exame das parturientes, levando provavelmente a substância causadora da doença.
Assim Semmelweis começou a usar cloro nas lavagens de mãos. Os alunos e professores eram obrigados a imergir as mãos em bacia contendo e cloro, esfregando-as com areia depositada no fundo, para depois lavá-las com água e sabão, antes de examinar as parturientes. Assim a taxa de infecção ficou 10 vezes menor!


by Gregorio Calvi di Bergolo (1904-1994).
fonte: https://www.imss.org/shop/item.asp?ItemID=321

Mas ainda houve um surto de febre puerperal entre parturientes da mesma enfermaria.
Semmelwains notou que uma paciente desenvolveu a doença e que na verdade ela transmitiu para as outras parturientes. Assim ficou provado que não era só o material originado dos cadáveres que causava a febre, mas também poderia ser transmitido de doente para doente. Assim Semmelweis determinou que todos os médicos deveriam repetir o procedimento de lavagem de mãos não somente quando entravam na maternidade, mas a cada paciente examinada.
Hoje as explicações e conclusões de Semmelweis parecem óbvias,  mas não para os médicos da época. O diretor do hosptial não aceitava as medidas defendidas por Semmelweis e não concordava com as teorias, assim como vários médicos importantes da época. Semmelweis não obteve êxito em impor sua descoberta aos acadêmicos. Suas medidas não foram aceitas durante anos, até que em 1850, ele retornou para Hungria, onde morreu no anonimato em 1865. O trabalho de Semmelweis era perfeito mas cedo demais para uma época em que a teoria dos miasmas era ainda muito forte no meio médico.



Luis Pasteu (1822-1895)
Químico francês
 LOUIS PASTER:
Terminada as guerras napoleônicas, a França entrou numa fase de desenvolvimento  econômico com a industrialização.
Foi nesta realidade que o Sr. Bigo industrial da Lille, começou a ter problemas com suas indústrias de produção de álcool, obtido através da fermentação da beterraba. O álcool produzido estava ficando com odor fétido e gosto ácido. Bigo contratou o professor de química Louis Paster, que já era famoso por utilizar o microscópio para analisar reações químicas.
A fermentação era a processo utilizado desde a Antiguidade pelos egípcios na produção de cerveja.
Pasteur improvisou um laboratório nas adegas do Sr. Bigo e, com auxílio do microscópio, observou que, quando a fermentação é bem sucedida seres microscópicos (hoje denominadas de leveduras) adquirem formato arredondado, nas mal sucedidas, o formato é alongado. Ele descreveu em 1858, a reação como fornecimento de  nutrientes para uma forma de vida microscópica: a levedura, a fim de que esta forme álcool ou ácido. Explicou que a produção errada na fermentação resultava em  ácido e se devia a contaminação do procedimento pelas formas alongadas, orientando a evitá-las. E concluiu que essa contaminação se dava pelo ar, meio pelo qual estes microorganismos ficavam suspensos.

Pasteur’s work at Lille
fonte:http://www.lifesciencesfoundation.org/events-Pasteur_in_Lille.html

Pasteur também estudou o odor rançoso na manteiga, devido a  formação de ácido butírico e descobriu organismos móveis que os batizou de vibriões bútíricos.
Ainda contribuiu na indústria de produção de seda, no combate a uma doença que estava acomendo o bicho da seda e também na indústria de fabricação de vinho. Ainda criou o método para evitar a contaminação por estes seres indesejáveis: consistia no aquecimento do produto a 60ºC ou 100º, método que ficou conhecido como "pasteurização"
Começava assim a era da bacteriologia. Começara assim a guerra contra a teroria dos miasmas.


Joseph  Lister (1827-1912)
Cirugião Inglês
JOSEPH LISTER
Na cidade de Glasgow, Inglaterra, o cirugião Joseph Lister, se preocupava muito com os pacientes que atendia por causa de fratura exposta, aquelas em que o osso entra em contato com o ar. Pois já previa a grande possibilidade de putefração do tecido, infecção, perda do membro e morte, ao contrário de quando a fratura não era exposta, que apresentava boa evolução. Ele estava correto nos prognósticos só não sabia o por quê.
Em 1865, Lister tomou conhecimento de diversos relatórios de Pasteur sobre a quimica fermentativa onde demonstrava o papel do ar como transmissor de germes. Assim responsabilizou os germes presentes no ar, como principais agentes de putrefação dos tecidos e começou a investigar substâncias que poderiam matar estes germes.
Em agosto daquele mesmo ano, Lister teve a oportunidade de testar suas teorias; tratou uma ferida  de fratura exposta com água contendo ácido fênico e nos dias seguintes fez curativos periódicos com algodão e ácido fênico. O resultado foi excelente com evolução para a cura.
Em 1867, foi mais além, operou um paciente para tratar uma fratura mal consolidada; abriu a pele e expôs o osso para correcção, e tratou os curativos com ácido fênico; o resultado foi o sucesso total.

Joseph Lister iniciou o uso de técnicas antibactericidas em hospitais, incluindo o uso de desinfectantes em forma de spray durante as cirurgias
fonte: http://www.corbisimages.com/stock-photo/rights-managed/E266/illustration-of-joseph-lister-using-carbolic-spray



A Europa tomava conhecimento da anti-sepsia e cada vez mais se fechava o cerco às bactérias como causadoras das infecções. Lister foi, posteriormente, considerado a grande responsável pela introdução da anti-sepsia.



 Pasteur (1822-1895) e Lister (1827-1912) recebendo honras em Sorbonne  Paris. Pela contribuição aos métodos de esterilização.  Original painting by Gregorio Calvi di Bergolo (1904-1994).
fonte https://www.imss.org/shop/item.asp?ItemID=320






Florence Nightingale (1820-1910)
Enfermeira Italiana

FLORENCE  NIGHTINGALE
Em 1854 inicou-se a Guerra da Criméia: Com a invasão pela Rússia dos territórios da Moldávia e Valáquia pertencentes ao Imperio Otomano, vários Estados se colocaram ao lado dos turcos, envolvendo-se na guerra a França, a Grã-Bretanha, a Áustria e a Sardenha.
Duas participações foram importantes nesta guerra: as enfermeiras para tratamento dos soldados feridos e correspondentes de noticiários como os jornais ingleses que publicavam o número de militares mortos, principalmente nos hospitais, estes relatos causavam verdadeira fúria na população. Os jornais relatavam a negligência com os feridos e ressaltavam as diferenças entre cuidados dispensados aos doentes pelos franceses. e pelos britânicos Muitos clamavam pelo dever das mulheres a viajar e cuidar dos soldados feridos, senão por obrigação  pelo menos por piedade.
O govenro inglês então, enviou um grupo de enfermeiras chefiadas por Florence Nightingale, para auxiliar nos hospitais dos acampamentos .



 Florence embarcou para a Crimeia com 38 auxiliares: 10 freiras católicas, 8 irmãs de caridade da igreja anglicana, 6 enfermeiras do Instituto St John e 14 outras voluntárias de vários hospitais. Ela ficou conhecida como " Dama-Chefe
fonte:http://eportuguese.blogspot.com.br/2010/07/florence-nightingale.html


Florence coordenou a reforma no superlotado hospital britânico improvisado na guerra. Montou cozinhas para preparação de alimentos, instituiu talheres, pratos e bandejas para as refeições, onde anteriormente eram feitas com as mãos. Introduziu escovas para a limpeza do hospital e os doentes passaram a ter roupas de hospital limpas com a criação de lavanderias, o banho se tornou obrigatório.
A dedicação de Florence e sua equipe causou uma enorme queda na taxa de mortalidade: de 427 para 22 óbitos em cada mil pacientes.


Assim que os soldados britânicos chegaram à Turquia, foram acometidos de cólera e malária. Dentro de algumas semanas um número estimado de 8.000 homens estavam enfermos
fonte:http://eportuguese.blogspot.com.br/2010/07/florence-nightingale.html





Robert Koch (1843-1910)
Médico alemão
ROBERT KOCH
Na década de 1870 duas escolas contibuíram para a consolidação do papel das bactérias como causadora das doenças infecciosas: a escola alemã de Robert Koch e a escola francesa de Louis Parteur.
Ambas as escolas estudavam a doença do carbúnculo, ou anthrax,  que matava os animais bovinos, caprinos e equinos.
Robert Koch montou um laboratório em sua própria casa e iniciou seus trabalhos sobre o anthrax. Deu sequencia aos estudos de Casimir Davaine feitos em 1850.
Davaine encontrou no sangue de carneiros mortos grandes quantidades de filamentos em forma de bastonetes. Daivane inoculou estes filamentos em animais sadios e constatou que estes adquiriram o anthrax.
Robert Koch queria provar que os bacilos descobertos por Davaine, eram os responsáveis pela doença. Para tal seria necessário isolá-los, provar sua capacidade de reprodução e então, por inoculação, constatar o surgimento da doença.
Koch trabalhou na criação de métodos de cultura que reproduzissem o agente. Um dos que desenvolveu consistia em uma gota de nutriente entre duas lâminas com o sangue infectado, assim documentava a reprodução do bacilo ao microscópio. Após diluir o líquido, Koch o inoculava novamente na cultura e repetia esse procedimento várias vezes, certificando-se de que os outros elementos  do sangue tinham sido eliminados, permanecendo apenas o bacilo anthrax, por se multiplicar. Com a inoculação do bacilo isolado, reproduziu  a doença e conseguiu provar a causa do anthrax,  publicando seu trabalho em 1876.
Assim Koch criou postulados para provar a relação de causa e efeito entre agente e doença:

* O agente causal deve estar presente em todos os casos de doenças
* O agente causal deve ser isolado do hospedeiro e crescer fora dele, "in vitro".
* O agente, uma vez isolado, deve causar doença em um organismo sadio.
* Este mesmo agente deve ser novamente isolado do organismo antes sadio.


Postulados de Koch
fonte: http://magicnumbers-parussolo.blogspot.com.br/2011/06/epidemiologia.html

Cabe aqui comentar sobre a mente inquieta de Pasteur.
Pasteur interessou-se pelos trabalhos de Koch com o anthrax e queria descobrir como era transmitida.  Acrescentou o bacilo ao alimento do gado, mas não conseguiu reproduzir a doença. Em seguida, adicionou-se ao alimento algumas folhas e gravetos  que causam trauma e arranhões na mucosa oral do gado, e com isso obteve o surgimento do anthrax. Estava assim comprovado que o anthrax ocorria pela presença do bacilo no pasto e que penetrava nos animais em sua mucosa oral.
Pasteur acreditava que o fato dos animais mortos serem enterrados no mesmo campo em que o gado sadio pastava, estabelecia algumas condições para a transmissão; o bacilo do anthrax deveria ser transportado dos animais mortos para as folhagens do pasto, causando a doença, porém, de que forma saía do fundo da terra não se sabia. Ele finalmente fechou o ciclo de transmissão da doença ao examinar o intestino das minhocas e comprovar a existência de esporos do bacilo. Era a minhoca que removia a terra e, pelas galerias que criava  levava o bacilo dos animais mortos para a superfície. Finalizando os trabalhos, Pasteur pôde formalizar seu relatório ao Ministério da Agricultura e orientar os fazendeiros sobre as medidas para evitar o anthrax: enterrar animais mortos longe da região de pastagens e afastar o rebanho de alimentos capazes de causar traumas.



EM RESUMO:

Os trabalhos de Koch e Pasteur foram somatórios,esclarecendo pela primeira vez, o agente causador, o mecanismo de transmissão da doença e as medidas profiláticas.
Explicavam  os fatos que a teoria dos miasmas não conseguia.
Estavam abertas definitivamente as portas para a aceitação definitiva dos agentes infecciosos como causadores das doenças.
A terioria dos miasmas cairia por terra, era uma questão de tempo...




terça-feira, 3 de abril de 2012

JUNTO COM A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, MISÉRIA, TUBERCULOSE E CÓLERA.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Na segunda metade do século XVIII, principalmente na Inglaterra, as transformações sociais,o surgimento da máquina à vapor, introduzida pelo inglês James Watt, em 1760 e o surgimento das fábricas ocasionaram a migração dos trabalhadores do campo para as cidades.
Já na primeira década do século XIX, era inaugurada em Manchester a primeira fábrica com  iluminação a gás, inovando rapidamente as oficinas algodoeiras. A indústria do algodão empregava quase cem mil operários e perto de duzentas mil tecedoras manuais. O comércio britânico triplicaria; em Londres, havia mais de cinquenta bancos privados. A Inglaterra prosperava, Londres começava ter suas ruas iluminadas em 1807.
 As fábricas foram as responsáveis pela introdução de uma série de transformações sociais no continente europeu, prinicipalmente na Inglaterra, onde mais ocorreu doenças infecciosas do século XIX.


A Revolução Industrial foi a maior mudança tecnológica, sócioeconómica e cultural no século XVIII e inicio do século XIX, começou na Grã-Bretanha e extendeu-se a todo o mundo. Nessa altura a economia baseada no trabalho manual foi substituído e dominado pela indústria e pelas máquinas.
fonte: http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=557

MISÉRIA

A população urbana no início daquele século, aumentou exponencialmente, e aglomerados humanos começaram a aparecer nas localidades em que os centros industriais floresciam; nas proximidades das fábricas. Em 1801 até 1840 a população de Londres praticamente dobrou, pois migrou do campo para as cidades em busca de emprego nas fábricas emergentes. Em decorrência dessas alterações, a qualidade de vida e sobretudo, as condições de saúde sofreram uma queda assustadora, contribuindo muito para o alastramento das doenças infecciosas e aumentando as taxas de mortalidade.

A Revolução Industrial teve conseqüências de curto à longo prazo, sendo que uma das mais visíveis e uma das primeiras foi a explosão demográfica devido ao êxodo rural que culminou com o crescimento desordenado das cidades e a exploração dos seres humanos, pois a procura de emprego passou a ser maior que a oferta.
FONTE:http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/revolucao-industrial/consequencias-da-industrializacao.php

A população empobreceu ao se transferir para os centros industriais. Os trabalhadores, principalmente crianças e mulheres, eram explorados ao máximo.
As condições de moradia na Europa industrial foram determinantes para o surgimento de doenças infecciosas; recebendo baixos salários e diante dos altos preços do aluguel, as famílias tinham que morar em locais condizentes com o que poderiam pagar; em condições insalubres. As moradias próximas das fábricas foram construídas de maneira desorganizadas, tendo em vista apenas a rapidez para lucro posterior com os aluguéis.
"Houseless and Hungry", por Sir Luke Fildes.
fonte:http://sputnikvanik.blogspot.com.br/2007/03/comportamento-social-na-inglaterra-sc.html

As famílias aglomeraram-se em regiões pobres, delimitando-se aos bairros nessa condição social. As moradias eram verdadeiros cortiços miseráveis, sem sistema de esgoto ou remoção de lixo. Muitas casas não tinham latrina. Em Manchester, havia duas latrinas para cada 250 pessoas, e em Ashton esse mesmo número atendia cada cinquenta famílias. Nos quintais havia uma tina, onde se colocavam os dejetos humanos  para serem esvaziados no outro dia. A imundicie que se formava nas proximidades das tinas favorecia significativamente a transmissão de doenças, que também se dava por meio dos calçados, que levavam para dentro dos cômodos. As casas eram entrecortadas por vielas e ruelas imundas, sem pavimentação e com esgoto a céu aberto, ao longo das quais se acumulavam entulhos de lixo e dejetos.
A ausência de esgotos e a facilidade com que os moradores entravam em contato com o material fecal despejados nas vielas, ruelas e nas tinas dos quintais eram responsaveis pela disseminação das bactérias que ocasionam as diarréias. Os pobres conviviam com a Escherichia coli,  a Shigela  e a temida Salmonella thipy, causadora da febre tifoide. O fato de uma pessoa apresentar diarréia, já era um sinal para um surto de uma epidemia entre os moradores.
Nessas moradias, muitas vezes as famílias se aglomeravam por quarto, e todos os aposentos, incluindo porões e sótãos, eram aproveitados ao máximo para compensar os aluguéis caros. Em Manchester, foram registrados 1.500 porões, nos quais dormiam três pessoas por cama, 738 porões com quatro pessoas por cama, 281 com cinco pessoas por cama. Na mesma época em Liverpool, quarenta mil pessoas dormiam, em porões. Tais condições de vida propiciavam o surgimento de epidemias causadas por doenças contagiosas, que eram transmitidas com facilidade de pessoa para pessoa em razão das aglomerações.


fonte:http://raffaelbarbosa.blogspot.com.br


TUBERCULOSE

A tuberculose, existente desde a Antiguidade, encontrou assim meios ideais para disseminar-se, e o século XIX seria marcado pelo auge dessa infecção.
Nos aglomerados industriais da época, os doentes com tuberculose pulmonar apresentavam emagrecimento progressivo, tosse seca e febre diária. O quadro clínico progredia com enfraquecimento crônico, e o acometimento dos pulmões estendia-se por dias e meses. Durante todo esse tempo, o enfermo eliminava, pela tosse, o bacilo da tuberculose, nos cômodos da casa sem iluminação ou ventilação, úmidas e com excesso de moradores o que facilitava a disseminação da doença. As pessoas depauperadas pelas longas jornadas de trabalho e pela miséria não apresentavam defesa adequada contra a infecção, ficando tuberculosas com facilidade. O século XIX foi o século da tuberculose.
Não podemos nos esquecer também dos surtos de sarampo e varíola. que disseminaram-se com facilidade principalmente entre as crianças. Também a difteria a a escarlatina. Em Manchester de cada 100 crianças, apenas 35 a 40, chegavam aos cinco anos de idade.


CÓLERA

A cólera é uma doença caracterizada por diarréia severa (a diarréia mais intensa de todas as infecções), que leva o paciente a desidratação, com queda da pressão, parada de funcionamento dos rins e geralmente, quando não submetido a tratamento de suporte, ao óbito. A bactéria causadora da doença; o Vibrio cholerae,  é eliminada nas fezes ou nos vômitos dos doentes e por sua vez dissemnado. Como a diarréia é muito intensa, ocorre um grande número de evacuações líquidas por dia.
Quando um paciente portador de diarréia causada pela cólera fazia viagens longas e demoradas, muitas vezes se recuperava no percurso ou morria. Doenças que se manifestam depressa e a evolução para a cura ou óbito é rápida, até então não causavam epidemias em localidades distantes.
Com a industrialização européia, diminuindo a distância pelo mundo graças à máquina a vapor tanto por terra quanto por mar e com os aglomerados humanos como relatado acima, podemos ter uma dimensão dos estragos que esta doença poderia causar...
O berço da cólera é considerado até hoje o delta do rio Ganges, na Índia, região de origem das pandemias vividas nos séculos XIX e XX. A primeira pandemia iniciou-se em 1817. Por meio das navegações a vapor, a doença rapidamente se alastrou para a China e Oceania, seguinda para Filifinas, Java e Japão.
Em 1826, novamente o rio Ganges forneceria uma quantidade exorbitante de casos de cólera para o mundo e desse vez, a doença avançou em direção à Europa.
Um grande aliado que a cólera encontrou em seu processo de disseminação foi a cidade de Meca. Em 1831, a doença atingia as imediações daquele centro, contaminando peregrinos muçulmanos de diversas localidades. Em suas barracas em Meca, ocorreram três mil mortes naquele ano. Ao retornarem para as regiões de origem, os peregrinos levaram a cólera para várias direções. Os que voltaram a Alexandria a propagaram no norte da Àfrica. Nos primeiros dias da epidemia nas cidades do Cairo e de Alexandria, morreram trinta mil pessoas. À Síria e à Palestina chegarm peregrinos infectados que introduziram a doença nessas regiões. Aqueles que regressaram a Istambul fizeram com que a cólera entrasse na Europa partindo da Hungria e dos Bálcãs. Dessa vez, dificilmente a Inglaterra e os demais países europeus escapariam à doença.
No mês de outubro de 1831 a cidade portuária inglesa de Sunderland recebeu uma embarcação procedente do porto de Hamburg, Alemanha,  com pessoas que portavam a bactéria da cólera. Imediatamente se registraram na ciadade casos da doença. que depois se propagou pelo país. Passo a passo, a cólera chegou aos principais centros industriais e acometeu os moradores nos cortiços. Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham morrido no Reino Unido durante a epidemia. Na Inglaterra e no País de Gales, ocorreram 21 mil mortes; na Escócia, quase dez mil. Londres perdeu pouco mais de cinco mil habitantes, na maioria dos casos, pessoas pobres, até mesmo miserávies, que viviam em precárias condições habitacionais, como descrito anteriormente.


A água para beber  disttubuída durante epidemia de cólera em Hamburg, Alemanha.  Gravura do 10Artwork from the nth volume 10  'La Science Illustree'
fonte: http://www.sciencephoto.com/media/427136/view
Navios ingleses levaram a cólera para os portos da Espanha e de Portugual
Paris se encontrava nas mesmas condições insalubres que a Inglaterra. A cólera atingiu Paris em 1832. As cidades empregaram a quarentena, mas de nada adiantou. Os médicos ficavam perdidos diante da nova doença. Tentativas desesperadas de tratamento com gelo,  enemas, sangrias, vapores quentes e drogas diarréicas, nada adiantava. A cólera castigou Paris; matou 34 mil habitantes, quase todos dos bairros simples. A França perdeu cerca de cem mil habitantes na epidemia. Esta fez aflorar as diferenças sociais numa sociedade marcada pela exploração excessiva e pelo desgaste humano.
A Irlanda, com sua população vivendo em condição de pobreza e fome, também foi duramente acometida, perdeu aproximadamente 25 mil habitantes. Em 1832, irlandeses desesperados resolveram tentar a sorte imigrando para as cidades americanas. Apesar de todas as tentativas de bloqueios e quarentenas dos navios. A cidade canadense de Quebec na primeira semana foram 250 pacientes com 160 enterros. Em Montreal o mesmo navio irlandes Voyageur que saiu de Quebec, causou a morte de 1.800 pessoas.
Uma vez em solo americano, a doença seguiu suas vias normais de disseminação.


A impressionante morte de tropas por cólera -  'Le Petit Journal Illustre' of December 1912.
fonte: http://www.sciencephoto.com/media/300519/view
Em Nova York, morriam 45 pessoas por dia, dez dias depois já somava-se cem óbitos/dia. O governo decretara uma série de medidas para conter a epidemia. Rebeliões formaram-se entre a classe pobre, os mais acometidos, e membros do governo e médicos. Carroças transportavam um número incontável de mortos diariamente, a maioria sendo enterrados como indigentes. A cólera rumou para Filadélfia e Boston. Atingiu o sul dos Estados Unidos e também a América Central, com oito mil mortos em Cuba e 15 mil no México.


Prevensão da cólera de 1832 do livro Alemão Caricatura e Sátiras da Medicina, 1921 Eugen Hollander (1867-1932).


segunda-feira, 2 de abril de 2012

O QUE QUEM DERROTOU NAPOLEÃO? O FRIO OU AS EPIDEMIAS?

O governo francês, preocupado com a corrida armamentista, criou uma espécie de Ministério de Armamento.  Aumentaram as fundições de ferro para a produção de armas e canhões. A industrialização usando máquinas e locomotivas a vapor contribuiu no aperfeiçoamentode equipamentos de perfuração de metais, na melhoria do calibre e comprimento dos canhões, no transporte de armamentos pesados e reforços de navios com chapas de ferro.
A França chegava a produzir anualmente cerca de 240 mil espingardas e sete mil canhões, tendo fabricado entre 1803 e 1815 mais de 2,5 milhões de armas de fogo. Por isto o exército de Napoleão não encontrou dificuldades em concretizar a expansão de conquistas criando assim um império francês praticamente indestrutível.
O General Napoleão, nascido na Córsega e educado em Paris, vencia as coligações européias da Prússia, Àustria, Inglaterra e Rússia e ampliava os domínios franceses com vitórias sucessivas de seu exército. Invadiu o norte da Itália e estendeu as conquistas para a Espanha e a região central da Europa. Em 1812, o império de Napoleão atingiu sua extensão máxima, mas entraria em decadência ao invadir a Rússia, em parte, devido as epidemias de tifo.



Conquistas Napoleônicas
fontehttp://filosofandoehistoriando.blogspot.com.br/2009/07/imperio-napoleonico.html

Desde o início, quando os exércitos prussianos invadiram a França, em defesa da monarquia, conforme relatado em postagem anterior, as infestações de piolhos  e sua proliferação encontravam campo fértil entre os acampamentos militare para a disseminação do tifo. Vale lembrar  da epidemia de disenteria que também sofreram .O exécito prussiano adoeceu e recuou, sendo este mais um dos fatores que ajudou na vitória do Estado Revolucionário da França. Uma vez presente na Europa, o tifo atingiu exércitos em conflito em diversos acampamentos militares.
No começo do século XIX, o exército francês avançava na conquista dos territórios europeus e, com ele, propagavam-se as epidemias de tifo. Em 1805, as tropas de Napoleão invadiram e tomaram a cidade de Viena. Poucas semanas depois, Napoleão venceu a batalha de Austrelitz, consolidadndo sua vitória no leste europeu. Os soldados, cansados das batalhas e sofrendo infestações de piolhos nos acampamentos, disseminaram o tifo. Os feridos removidos para Brunn levaram a epidemia a essa cidade. A doença também alastrou-se na Morávia, Silésia, Áustria, Galícia e Hungria.


 Batalha de Austerlitz
fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Napole%C3%B3nicas

As tropas de Napoleão marchavam agora para o território da Prússia. Era o final de 1806, ano em que os franceses levaram o tifo e a disenteria às populações de Mariemburg e Bromberg e do leste da Prússia, causando a morte de milhares de pessoas. Chegaram à cidade de Danzig iniciando o cerco que precipitaria na rendição, em abril de 1807, dos prussianos enfraquecidos e famintos. A entrada triunfal de Napoleão na cidade deu-se no dia 01 de junho . O tifo marcou presença nesse episódio.
Em 1812, Napoleão  decidiu-se pela invasão da Rússia, e para tal tinha a segurança de contar com um dos maiores contingentes militares da História; cerca de seiscentos mil homens. Quando reuniu seu exército no leste europeu para a invasão, ocorreu o inesperado. Os camponeses da região transmitiram piolhos contaminados para os militares, que começaram a desenvolver o tifo e morrer no percurso ao encontro das tropas russas. À medida que os franceses invadiam o terrtório russo, o exército do país recuava atraindo-os para o interior. Napoleão teria de encontrá-lo rapidamente para iniciar o combate e decidir a batalha, se demorasse, continuaria a perder seus soldados e chegaria com poucos combatentes ao encontro do inimigo. Foi o que ocorreu: ao atingir o rio Dnieper e atravessá-lo, transcorrido um mês, Napoleão já não contava com mais de oitenta mil homens, entre mortos e doentes. Em seis semanas de deslocamento, 20% do exército inicial estava fora da condição de combate.

  A Primeira Ambulância

A primeira ambulância foi projetada em 1792 pelo barão Dominique Jean Larrey, médico de Napoleão Bonaparte, para retirar os soldados feridos do campo da batalha, sem aumentar os seus ferimentos
Ao atingir a cidade de Smolensk, Napoleão foi obrigado a montar um acampamento, visando à recuperação das tropas e à ação dos médicos, na tentativa de bloquear a epidema. mas nenhuma das medidas adotadas se voltou à eliminação dos piolhos, jamais suspeitos de causar o grande mal que abatia o exército francês. Vendo o número de combatentes diminuir a cada dia, Napoleão avançou contra Moscou, tomando-a sem encontrar o exército russo. Após batalha irrelevante para a decisão da guerra, as forças francesas foram obrigadas a bater em retirada, dessa vez, teria de enfrentar a chegada do inverno rigoroso, que somado ao tifo, as dizimaria. 


A retirada de Napoleão de Moscovo, por Adolph Northern
fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Campanha_da_R%C3%BAssia_(1812)
 Napoleão regressou com menos de noventa mil dos seiscentos mil homens que partiram, uma perda importante para o prosseguimento das batalhas. E mais, em seu retorno, os militares levaram a doença às cidades européias, principalmente as da Alemanha, ocasionando epidemias esparsas pelo continente.
Napoleão ainda consegui reunir cerca de quinhentos mil homens para o combate, às custas de jovens recrutados em caráter de urgência. Ao recomeçarem as campanhas militares na região da Alemanha, já com a presença do tifo, ele constatou a perda de combatentes pela doença. Seguiram-se as batalhas de Dresden e Bautzen, em 1813, com um grande número de jovens franceses mortos nos campos de batalha. Porém o número dos que morreram em decorrência do tifo foi muito maior.
Os soldados franceses disseminaram a doença pelas cidades da Alemanha. Em Berlim, a incidência de tifo aumentou 400%. A doença espalhou-se pelas localidades ao longo do rio Reno e nas regiões central e norte da Alemanha. Quase metade dos quinhentos mil homens de Napoleão morreram de tifo. Quando encontrou as tropas inimigas na batalha de Leipzia, o exército reduzido e abatido, não suportou o combate o que determinou sua primeira grande derrota. As cidades do sul da Alemanha, na Baviera, conseguiram evitar a entrada do tifo quando, por decisão das autoridades, os soldados franceses doentes eram mantidos fora delas em barracas e hospitais. Após a derrota de Leipzig, em outrubro de 1813,  a situção mudou em razão do grande contingente de franceses refugiados que entraram nas cidades  e disseminaram a doença;
Novamente no  regresso das tropas, o tifo atingui a Alsácia, Lorena e Champagne, até chegar às portas de Paris. Cerca de dois milhões de pessoas contraíram a doença nos anos de 1813 e 1814 e aproximadamente 250 mil mortes ocorreram na Alemanha. Após a derrota final de Napoleão em 1815, a
Europa viveu um pós-guerra de devastação nos terrenos agrícolas; houve fome e epidemias de tifo que duraram até 1819, com uma taxa de mortalidade de 16% a 37% dos casos. Foi dessa forma que a doença interferiu nas guerras de Napoleão, que, por sua  vez, influenciaram no surgimento das epidemias de tifo no início do século XIX.


"A morte não é nada, mas morrer sem honra ou glória é morrer todos os dias"

Napoleão Bonaparte
acessado em 11/05/2012